Plano Troika 3: Avançam as privatizações e os cortes nos serviços públicos

04 de maio 2011 - 15:41

O acordo entre o governo português e a troika prevê a agilização e a ampliação do plano de privatizações e o corte nas despesas com serviços públicos, como sendo a educação e a saúde. Ao sector público é exigida a intensificação do plano de redução de custos.

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Cordão humano contra a privatização dos CTT – 22 de Julho de 2010, foto de Manuel Almeida/Lusa

Governo pretende encaixar, até 2013, 5,5 mil milhões de euros com privatizações. Conforme se lê no acordo celebrado com a troika, o “governo compromete-se a ir mais longe, através de um rápido desinvestimento nas participações detidas na EDP e na REN e está esperançoso que as condições de mercado permitam a sua venda, bem como da TAP, até ao final de 2011”.

Da lista de empresas a privatizar consta também a CP Carga, Galp, ANA, CTT, Caixa Seguros e algumas participadas do Estado de menor dimensão.

O governo irá ainda anunciar a privatização de duas grandes empresas a privatizar em 2012 e compromete-se a apresentar uma versão actualizada do plano de privatizações até Março do próximo ano.

Agravamento do preço dos transportes

Nos transportes ferroviários a tarifa paga pelos utentes irá agravar-se. O documento indicia a entrada de um maior número de privados neste sector, deixando adivinhar uma ampliação do plano de privatizações já contemplado neste sector.

Sector público: redução de custos

O Banco Central Europeu (BCE), a Comissão Europeia (CE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) exigem ao Estado a redução da despesa do seu sector empresarial. Essa redução será de 515 milhões de euros em 2012 e de 175 milhões de euros em 2013. O grau de subsidiação pública será diminuído e serão reduzidos os limites ao endividamento.

A troika, conjuntamente com o governo, irá equacionar possíveis privatizações nesta área. Por enquanto, está interdita a criação de mais empresas públicas centrais.

Na administração central, local e regional, os cargos dirigentes e as unidades administrativas deverão ser reduzidas em 15% até ao final de 2012, o mesmo acontecendo com as regiões autónomas.

Os serviços de Finanças, Segurança Social e Justiça serão drasticamente reduzidos e confinados às lojas do cidadão.

Saúde e Educação: aumento das taxas moderadoras e redução de financiamento

O acordo divulgado prevê, já a partir de Setembro, o agravamento das taxas moderadoras das consultas de especialidade e às das urgências. Estas ficarão indexadas à inflação. Alguns regimes de isenção também serão reequacionados.

Os subsistemas de saúde dos funcionários públicos vão sofrer cortes de 30% e 20% em 2012 e 2013, respectivamente.

No que respeita à educação, prevê-se que o financiamento de escolas do ensino secundário passe a depender de critérios de eficiência e “performance”.

Habitação

Do memorando consta também a alteração da Lei de Arrendamento Urbano. São previstos despejos extrajudiciais no prazo de três meses, a redução do prazo de cancelamento do arrendamento por parte do senhorio e a liberalização gradual das rendas, entre outros.