Alegre: “Nunca confundi política com negócios”

15 de janeiro 2011 - 12:46

O candidato presidencial Manuel Alegre fez esta sexta-feira, em Viseu, um ataque cerrado a Cavaco Silva, acusando o Presidente da República de ter tomado partido dos grandes interesses, contrapondo que, pela sua parte, nunca confundiu política e negócios.

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Eram mais de 600 pessoas, o auditório do Instituto Politécnico de Viseu estava repleto de apoiantes de Manuel Alegre, os lugares sentados não foram suficientes e muitas pessoas assistiram ao comício de pé. Foto Paulete Matos

Manuel Alegre falava no encerramento do comício da sua candidatura em Viseu, que encheu o auditório do Instituto Politécnico daquela cidade. Eram mais de 600 pessoas, o auditório estava repleto, os lugares sentados não foram suficientes e muitas pessoas assistiram ao comício de pé. No comício também intervieram João Semedo e José Junqueiro.

“Este Presidente da República tomou partido, o partido dos grandes interesses nacionais e alguns não nacionais, que neste momento querem meter em Portugal o Fundo Monetário Internacional”, apontou Manuel Alegre, acusando Cavaco de não ter tomado posição “em defesa do país contra os ataques especulativos”.

Alegre afirmou que a direita quer o FMI em Portugal para que sejam tomadas as medidas que integram o seu ideário. “A entrada do FMI significaria o despedimento de muitos milhares de trabalhador”, declarou.

Além disto, Manuel Alegre criticou ainda Cavaco por este não ter sido um presidente justo e imparcial: “recebeu 56 vezes os representantes das entidades empresariais e apenas 6 vezes os representantes dos trabalhadores”.

Na sua intervenção, Alegre fez também a defesa da política como “uma actividade nobre, quando significa o bem comum, sem ter em troca honrarias, cargos ou contrapartidas materiais”. 

Depois, deixou um recado: “Nunca confundi, nunca confundirei política com negócio, nunca pus projectos pessoais acima dos superiores interesses do país”, declarou. 

Alegre visou indirectamente o actual Presidente da República quando se referiu aos valores do regime democrático. “Estou como homem livre, que por vezes se engana, que por vezes tem dúvidas e que muitas vezes cometeu erros, mas que participou em todas as batalhas da liberdade e nunca precisou de fazer exame de admissão à democracia”, declarou, antes de voltar a acusar Cavaco Silva de ter quebrado a lealdade institucional com o caso das escutas, que Alegre ligou à teoria da anterior direcção do PSD, de Manuela Ferreira Leite, sobre a existência de asfixia democrática no país.

Alegre levanta bem alto a bandeira da defesa do Estado Social

A intervenção de Manuel Alegre focou a defesa de um projecto democrático e progressista para a sociedade portuguesa, em oposição ao projecto da direita que “pretende aniquilar os direitos sociais”. “A vitória da direita significaria um retrocesso civilizacional. A direita tem um programa estratégico de destruição do Estado Social”, afirmou. “O desmantelamento dos direitos sociais, objectivo prosseguido pela direita, enfraquece a democracia”, disse também.

“Estamos aqui por um país justo e limpo”.“Os portugueses querem viver num país decente! Num país onde os sacrifícios não sejam pedidos aos mesmos de sempre”, declarou o candidato Manuel Alegre.

Colocando o horizonte do seu discurso na Europa, Alegre defendeu um projecto europeu centrado na justiça, na solidariedade e na igualdade: “Não somos europeus de segunda, não temos de estar de cócoras, nem temos de nos submeter ao império dos especuladores. Não pode haver uma Europa a duas velocidades. Não quero Portugal de joelhos, quero Portugal de pé!”

Alegre mostrou-se satisfeito com a adesão que teve o seu comício em Viseu e concluiu que “a onda” de apoio à sua candidatura está a crescer.