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Agências de rating beneficiam quem lhes paga mais

As agências de "rating" atribuem, de forma reiterada e sistemática, notações mais exigentes e mais baixas aos Estados e autarquias do que às empresas e, principalmente, ao sector financeiro, diz um recente estudo académico.
A dívida contraída pelos Estados e autarquias, entidades que pagam menos de metade às agencias de rating do que os bancos e grandes empresas, é avaliada de forma muito "mais dura"

A dívida contraída pelos Estados e autarquias, entidades que pagam menos de metade às agencias de rating do que os bancos e grandes empresas, é avaliada de forma muito "mais dura". A conclusão faz parte do estudo, elaborado por professores universitários norte-americanos, "Credit Ratings Across Asset Classes: A=A?".

Para avaliar o risco de uma emissão empresarial de 500 milhões de dólares, a Moody's cobra 500 mil dólares, valor que pode descer até aos 115 mil no caso dos emissores soberanos.

Enquanto nenhum Estado avaliado com "rating" "A" registou situações de incumprimento nos últimos 30 anos, o período analisado no estudo, 1,8% das empresas e 27,2% dos activos assegurados por créditos hipotecários, com a mesma notação "A", entraram em incumprimento. A notação atribuída às cidades, as entidades que pagam honorários mais baixos às agencias de "rating", revelaram-se os mais fidedignos e precisos, com uma taxa 3 vezes superior à de activos como os geridos pelas empresas de cartões de crédito.

A dívida empresarial, que em média recebe um "rating" inicial de "Baa2", tem 30% de hipóteses de ser revista em baixa e 20% de ser revista em alta. Já emitentes como os Estados e cidades têm três vezes mais probabilidades de ver os seus "ratings" revistos em alta do que em baixa.

As conclusões do estudo surgem quando sobem de tom as criticas ao papel das agências de "rating" na crise financeira mundial, e depois de uma investigação conduzida pelo senado dos EUA ter levantado sérias dúvidas sobre as práticas comerciais destas empresas, colocando em causa a "uniformidade do critério" - um dos argumentos sempre invocados pelas três agências que dominam o mercado de notação.

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