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“Verdadeiro governo na era dos credores é a troika”

Este sábado, reuniu a Mesa Nacional do Bloco, eleita na Convenção Nacional que teve lugar em Maio, que discutiu o balanço das legislativas e elegeu a nova Comissão Política. No final, Francisco Louçã comentou o novo ciclo político, a “era dos credores”, no qual o verdadeiro governo é a troika.
Foto de Paulete Matos.

A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda reuniu este sábado, em Lisboa, para analisar os resultados eleitorais das legislativas e eleger a nova Comissão Política. Esta foi a primeira reunião do segundo órgão máximo do partido, eleito na última Convenção Nacional que se realizou em Maio.

No final da reunião, Francisco Louçã prestou declarações, anunciando que a resolução apresentada pela lista maioritária foi aprovada apenas com 5 votos contra e 1 abstenção. Louçã sublinhou que estes números revelam que a resolução colheu o apoio de membros das listas minoritárias, que obtiveram na última Convenção 17 lugares.

Sem querer falar directamente sobre os ministros escolhidos, Francisco Louçã preferiu realçar o momento em que o país vive, depois de assinado o acordo com a troika: “A viragem à direita deu aos dois partidos uma maioria confortável. Mas, na verdade, Portugal sabe que estamos a viver uma mudança de regime. Estamos a viver na era dos credores”, disse. “E nesta era dos credores, o verdadeiro governo é a troika”, acrescentou.

O dirigente do Bloco considera que nesta altura “o país está mais ameaçado do que nunca” e que a mudança sente-se “a partir da formação deste governo”. Contudo, lembrou que “quem governa o país são os delegados da troika que a cada três meses baterão à porta do governo” para saber se as medidas estão a ser cumpridas”. Medidas que “ameaçam Portugal” e que significam que “o país perderá emprego, valor, dignidade e capacidade de desenvolver a economia”.

Francisco Louçã anunciou ainda que, na sequência dos recentes resultados eleitorais, o Bloco de Esquerda promoverá “um amplo debate aberto sobre a nova geografia eleitoral, a nova relação entre as forças políticas e as novas tarefas da esquerda”. Para esse fórum-debate, que decorrerá no princípio de Setembro, em Coimbra, o Bloco vai convidar vozes fora da sua força política.

Depois deste debate, o Bloco organizará uma conferência internacional sobre a crise da dívida da Europa com a participação das esquerdas da Grécia, Irlanda, Espanha, Alemanha.

A nova Comissão Política eleita é composta por Francisco Louçã, Ana Drago, Fernando Rosas, Luís Fazenda, Mariana Aiveca, Marisa Matias, Pedro Soares, Joana Mortágua, João Semedo, João Teixeira Lopes, Jorge Costa, José Gusmão, José Manuel Pureza, José Soeiro, Rita Calvário e Tiago Gillot.  

O novo líder parlamentar deverá ser eleito na segunda-feira pelos deputados bloquistas.

A Mesa Nacional aprovou ainda a proposta da assembleia regional bloquista da Madeira, que indicou Roberto Almada como primeiro candidato da lista às eleições regionais do próximo mês de Outubro.

Propostas de auditoria e renegociação da dívida logo no primeiro dia da legislatura

 “Defendemos na campanha eleitoral uma proposta de auditoria à dívida e defenderemos essa proposta no primeiro dia dos trabalhos da Assembleia da República”, referiu Louçã, depois de considerar essencial saber-se qual o peso da dívida pública na economia portuguesa e o peso que a dívida privada tem, que é maior do que a pública e que arrasta o país para mais dificuldades”.

Além da exigência da auditoria, o Bloco avançará com a proposta sobre os critérios para a renegociação da dívida. “Não existe qualquer dúvida que a renegociação é necessária, que a Grécia o está a fazer tarde demais e difícil demais. A nossa proposta é que a renegociação, procurando juros mais baixos e prazos mais alargados, determine um montante de acerto de contas que liberte o suficiente dos recursos orçamentais para que haja investimento criador de emprego”, sustentou Francisco Louçã. “Sem criação de emprego e sem investimento a economia portuguesa estará a morrer a cada ano que passa", afirmou.

Na conferência de imprensa, Louçã lançou ainda um desafio concreto ao PS no sentido de este assumir “claramente e já” que recusa qualquer revisão constitucional, uma vez que, na sua opinião, o primeiro “choque” do novo Governo PSD/CDS será contra “os direitos do emprego”, tendo em vista “facilitar os despedimentos”.

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