Para o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda, os juros pagos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia (CE) são uma verdadeira “punição sobre a economia que atinge os mais frágeis”.
Segundo Francisco Louçã, o líder do PSD, um dos responsáveis pela recessão que Portugal atravessa desde Outubro do ano passado, "assinou um contrato sem sequer ter noção do valor que os portugueses teriam que pagar".
Os juros agora conhecidos, e que implicam uma taxa de mais de 5%, irão acarretar um pagamento de 30 mil milhões de euros, sendo que “daqui a um ano estaremos a pedir um novo empréstimo para pagar uma dívida maior”, alerta Louçã.
Governo Regional da Madeira: exemplo flagrante de despesismo público
À acusação proferida por Francisco Louçã sobre o “desnorte absoluto” do governo regional da Madeira, por causa dos seus exemplos flagrantes de despesismo público, Passos Coelho respondeu com silêncio.
Louçã lembrou que o Jornal da Madeira, que é detido em 98,98% pelo governo regional e funciona como um verdadeiro órgão de propaganda, regista um défice acumulado de 50 milhões de euros.
Um outro exemplo apontado por Francisco Louçã diz respeito à atribuição, ao secretário-geral do PSD, da concessão de um estudo para o maior projecto de reconstrução da Madeira, o aterro da Baía do funchal, que implica um investimento de cerca de 40 milhões de euros.
Economia com dois pesos e duas medidas
Francisco Louçã defendeu que não é possível ter uma “economia com dois pesos e duas medidas”, exigindo sacrifícios aos mais desfavorecidos ao mesmo tempo que se permite que uma parte da economia portuguesa não pague impostos.
Os bancos, que, no ano passado, pagaram apenas 100 milhões em impostos, tendo gerado lucros na ordem dos 4 milhões de euros por dia, devem usar os dividendos para assegurar a sua recapitalização, e devem ser obrigados ao crédito à economia e ao investimento. Por outro lado, defende Louçã, devem ser alterados determinados procedimentos que levaram a que, nos últimos dez anos, fossem concedidos dez vezes mais créditos ao sector imobiliário do que à indústria, ao comércio e à pesca no seu conjunto.
PSD revela um “radicalismo extremista”
Francisco Louçã acusou o PSD de cair num “radicalismo extremista”, dando como exemplo a proposta incluída no seu programa, que prevê a reapresentação do projecto de lei sobre o tributo solidário, no qual o PSD defende que “há quem se limite a viver de expedientes”, e que, nesse sentido, é necessário moralizar os desempregados, fazendo com que estes trabalhem gratuitamente três tardes por semana.
No que respeita ao Programa Novas Oportunidades, o dirigente do Bloco considera que é necessário haver controlo mas não aceita a estigmatização social promovida pelo PSD, que apelida o programa de “certificado à ignorância”.