Manuel Afonso

Manuel Afonso

Assistente editorial e ativista laboral e climático

A crise capitalista de 2008 abriu uma longa estagnação da economia mundial ainda não revertida. Para inverter esta onda longa depressiva, os capitalistas precisam de aprofundar a exploração. Essa é a base da viragem à extrema-direita.

A iniciativa, do Bloco, propor reuniões com os vários partidos de esquerda após as eleições foi muito importante. Aberta a tão bem guardada caixa de Pandora da unidade de esquerda, quem a encerrar ou deixar esquecida poderá pagar um preço elevado.

Nós, a esquerda, somos a expressão política dos de baixo. A direita sabe-o, mas aposta forte em fazer o país crer no inverso. Foi isso que os exasperou na referência de Mariana à sua avó.

Não será exagero afirmar que a política climática e ecológica pode ser vista como um eixo emergente que cruza todas as grandes disputas políticas atuais. A questão é como abordar este tema de forma abrangente e mobilizadora, pela esquerda, nos termos e interesses da classe trabalhadora.

Costa quis insuflar o mito de um Portugal na vanguarda da ação climática. Ora, infelizmente, o mito não pega. Se é necessário perceber que o nosso país não está tão atrás como outros que expandem ainda hoje a extração e queima de combustíveis fósseis, também não somos o paraíso verde que o PS vende.

Recomendo a leitura e divulgação da carta do ex-diretor do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU em Nova Iorque, pois ela não perderá validade por muitos anos, independentemente do desfecho dos acontecimentos presentes na Palestina.

Hoje, a crise económica é endémica, de longo prazo. A ameaça nuclear não cessou, antes escala a cada dia. Viemos de uma longa pandemia global. E acrescenta-se uma crise maior, mais ameaçadora para conjunto da humanidade e potenciadora das outras todas: a crise climática.

A guerra na Ucrânia não é um facto isolado, um rasgo de loucura militarista de Putin. É «apenas» o aspeto hoje mais candente de um novo cenário internacional em que transitamos de uma ordem unipolar, para outra, marcada pela disputa de hegemonia, regional e global.

No século xxi «formação do proletariado enquanto classe» tem de passar por aí. Não por uma soma de lutas paralelas, mas pela sua integração num programa de classe, que permita disputar as grandes clivagens políticas do nosso século para saídas socialistas.

Execrável. Criminosa. Só com estes e outros adjetivos, mais duros até, se pode qualificar a decisão, aparentemente iminente, de o Governo conservador britânico aprovar a licença para exploração de um campo petrolífero no Mar do Norte ― o chamado Rosebank.