Cecília Honório

Cecília Honório

Dirigente do Bloco de Esquerda, professora.

Caras feministas liberais, não deixem cair a agenda que conseguiram consensualizar com as outras, as incapazes de esquecer que mais de um quarto das mulheres portuguesas vive com o salário mínimo.

O tribalismo desculpatório que aconchega o Chega revela simplesmente a razão do seu sucesso: estes analistas condescendentes ou estão fascinados ou ficam calados com uma extrema-direita que, à força de imitar Abascal e Bolsonaro, consegue presença suficiente para condicionar o futuro da direita.

Estou do lado dos e das que entendem que, com menos nervosismo, a nova extrema-direita pode continuar a ser residual, mas à esquerda é bom que se perceba o que é velho e o que é novo e o que é “combate” e “guerra” nesta agenda ideológica.

É saber de onde vieram, de quem são criaturas, e para onde vão. E mostrar que não é fácil encontrar alguém mais filho do sistema do que André Ventura.

Foram as décadas de “vida” do centro político que abriram as portas à extrema-direita.

A força do que une também deve desocultar o que deslassa, o que desune, o que quebra o compromisso.

Dois casos recentes: um parecer sobre gestação de substituição e uma decisão sobre violação. Podemos ficar descansadas?

Há 9 anos ganhámos a batalha da despenalização do aborto, problema adiado pela esquerda parlamentar desde o 25 de abril.

A corrupção mina a democracia? Mina, e o Paulo de Morais também.

O que será feito da vontade soberana do povo grego é o que veremos daqui a pouco.