Duas dezenas de administradores recebem mais de 83 mil euros mensais

01 de agosto 2012 - 13:54

Em 2010, os membros executivos dos órgãos de administração das sociedade cotadas acumulavam, em média, lugares de administração em 11,9 sociedades. Um administrador pertencia ao órgão de administração de 73 empresas, adianta a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. 21 administradores receberam mais de 1 milhão de euros em remunerações.

PARTILHAR
Foto de Paulete Matos.

Apenas 55% das sociedades cotadas em bolsa cumpriram as recomendações da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) em matéria de remunerações, refere o Relatório Anual do Governo das Sociedades Cotadas relativo a 2010.

A CMVM considera “preocupante” o facto de existir um grau tão diminuto de cumprimento das recomendações que pretendem, entre outros, tornar transparente a forma como são determinadas as remunerações dos órgãos de administração e fiscalização e os benefícios e compensações em caso de destituição.

Em 2010, as remunerações dos membros dos órgãos de administração, sejam executivos ou não executivos, ascenderam a cerca de 125,5 milhões de euros. Cada administrador recebeu, em média, 264 mil euros. Já a média de remuneração dos administradores executivos foi de 449,3 mil euros. 21 administradores receberam mais de 1 milhão de euros, tendo o valor máximo sido de 1,42 milhões de euros.

Acumulação de cargos

No documento, a CMVM refere que “os membros executivos dos órgãos de administração das sociedade cotadas a exercer funções a tempo inteiro acumulavam, em média, lugares de administração em 11,9 sociedades de dentro e de fora do grupo da sociedade cotada onde exerciam funções”.

“17 administradores acumulavam lugares de administração em 30 ou mais empresas” e cerca de 4% dos administradores foram responsáveis por 20% dos lugares de administração, lê-se ainda no Relatório Anual do Governo das Sociedades Cotadas relativo a 2010.

No final de 2010, “um administrador que pertencia ao órgão de administração de 73 empresas”.

A CMVM alerta para as “consequências no desempenho das funções para com a sociedade cotada resultantes de uma dispersão da capacidade de gestão por um número muito expressivo de cargos”.

Apenas 5,9% dos cargos de administração das sociedades cotadas, o equivalente a 26 cargos em 440, eram ocupados por mulheres. No que respeita a membros executivos, essa percentagem desce para 4%, sendo que “nenhuma mulher desempenhava em termos efetivos as funções de presidente da comissão executiva”.

No que respeita à duração de cada mandato, a média foi de 3,4 anos. "Tomando por referência a atual duração média dos mandatos, aquele valor médio significa que os atuais administradores se encontram em funções há cerca de dois mandatos", revela o documento.