Farmacêutica admite que legalização da canábis ameaça os seus lucros

12 de setembro 2016 - 16:54

A Insys Therapeutics Inc. doou meio milhão de dólares à campanha contra a legalização da canábis que vai a referendo no Arizona. E comunicou à bolsa norteamericana que a legalização põe em causa as suas vendas.

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Foto Katheirne Hitt/Flickr

Em novembro, vários estados norteamericanos vão votar em referendo a legalização da canábis para fins medicinais ou recreativos. Um desses estados é o Arizona, onde os opositores à legalização contam com apoios financeiros de peso. É o caso da farmacêutica Insys Therapeutics Inc., que está a desenvolver um medicamento – Dronabinol – tendo por base o princípio ativo da canábis para alívio das dores e náuseas para os doentes que tenham passado por quimioterapia.

A farmacêutica doou meio milhão de dólares à campanha contra a legalização da canábis e justificou publicamente o donativo com a necessidade de proteger “a segurança dos cidadãos do Arizona, em particular as crianças”. Mas a verdadeira razão do interesse desta empresa em ver chumbada a legalização é o lucro, como deixou claro no comunicado à Securities and Exchange Commission, o regulador da bolsa dos EUA, agora citado pelo portal The Intercept.

“A legalização da canábis ou de canabinóides não sintéticos nos Estados Unidos pode limitar significativamente o sucesso comercial de qualquer produto dronabinol que se candidate”, afirma o comunicado da farmacêutica, concluindo que em caso de vitória da legalização, “o mercado para a venda de produtos dronabinol iria reduzir-se significativamente e a nossa capacidade para geral receitas e as nossa perspetivas comerciais seriam materialmente prejudicadas”.

A Insys Therapeutics Inc. reconhece ainda que os estudos científicos têm demonstrado as vantagens da canábis sobre o dronabinol sintético e coloca a legalização da canábis como uma das ameaças de concorrência ao seu negócio.

A farmacêutica tem estado debaixo de fogo por causa do spray Subsys, que tem por base um opióide 50 vezes mais potente do que a heroína e é vendido para o alívio rápido das dores. Esta substância tem estado ligada a inúmeros casos de morte por overdose, sendo o caso mais mediático o do cantor e compositor Prince, falecido este ano. A empresa está a ser investigada por esquemas de suborno a médicos para receitarem o spray e assim aumentar as vendas.