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Declaração de Catarina Martins | Legislativas 2015 | ESQUERDA.NET

Noite eleitoral: Declaração de Catarina Martins

Catarina Martins sublinha o melhor resultado de sempre do Bloco de Esquerda e avisa a direita que o Bloco nunca viabilizará o seu governo minoritário na Assembleia.

Leia aqui a declaração de Catarina Martins:

Começo por agradecer aos activistas do Bloco pela extraordinária campanha que fizeram em todo o país. Mostraram dedicação, vontade de ouvir, combate e clareza. Agradeço-lhes do coração, é quando a luta é difícil que se vê a fibra de um partido e vocês foram gigantes.

Uma palavra ainda de agradecimento aos deputados do Bloco que terminaram o mandato. Foram notáveis e contamos sempre com ele e elas: João Semedo, Luís Fazenda, Cecília Honório, Helena Pinto e Mariana Aiveca. E os parabéns aos deputados e deputadas que agora foram eleitos.

O Bloco de Esquerda teve hoje o seu melhor resultado de sempre. Com mais votos, mais mandatos, mais força do que nunca. Compreendemos o voto popular e aceitamos a responsabilidade que nos confere.

Fomos o voto de confiança para trabalhadores, jovens e reformados. Agradeço a confiança que mais de meio milhão de eleitores depositaram no Bloco e digo-lhes, a cada um e cada uma: o Bloco cumprirá a sua palavra.

Por isso, estou aqui para vos falar de futuro.

A coligação da direita será certamente a candidatura mais votada, mas não deve embandeirar em arco quando perdeu cerca de 30 deputados e mais de meio milhão de votos. PSD e CDS, juntos, deixaram de ter os votos no parlamento para privatizar a segurança social ou cortar nas pensões. Um novo governo maioritário de Passos Coelho e Paulo Portas foi rejeitado pela democracia e nada do que disserem hoje esconde essa derrota.

Se o Presidente, por lógica de filiação partidária e desatenção aos votos, convidar esse governo, saibam todos Bloco de Esquerda é um partido de palavra e, porque esse é o nosso mandato, rejeitaremos no parlamento o programa de governo que seja mais empobrecimento de Portugal. Os eleitores não escolheram austeridade e sacrifício, disseram que já basta de austeridade e sacrifício. A maioria quer mudança e tem direito a mudança.

Esperamos agora pela resposta dos outros partidos, porque a responsabilidade é imensa.

Hoje falar-se-á muito. Eu só tenho palavras diretas e sei que  serão escutadas por quem exige uma alternativa sem perda de tempo.

Portugal precisa de um plano de urgência que junte forças. Precisa de cuidar das feridas da pobreza, precisa de investimento para emprego, de aumentar o salário mínimo, de afastar ameaças às pensões. Precisa de tranquilidade e da certeza de que fazemos o nosso melhor contra a chantagem financeira, porque a dívida deve ser reestruturada para que haja saúde pública, escola de qualidade e estabilidade das pensões.

Vão ser dias e anos difíceis. Vai-se falar muito de crise política, de jogos de influência e de arranjos. Mas o Bloco de Esquerda nunca esquece o que é verdadeiramente essencial: a crise social, a dificuldades da vida das pessoas, uma criança em cada três que é pobre, um milhão de desempregados e mais de um milhão de pensionistas com menos de 10 euros por dia para morar, comer e cuidar de si. Esses problemas é que assustam Portugal. Quero dar-vos a mais solene das garantias: o Bloco não desiste de Portugal, não desiste de quem trabalha ou trabalhou. É preciso firmeza, cabeça fria e toda a atenção ao essencial: o essencial é o emprego.

Portugal falhará se não corrigir a sua economia, para criar emprego. Portugal vencerá se abrir a democracia e se afirmar a responsabilidade.