Ébola

porJosé Manuel Pureza

As doenças negligenciadas - sejam as chamadas doenças raras sejam sobretudo as grandes epidemias do mundo pobre, como a malária ou o ébola - são o rosto de uma biopolítica global conduzida pelo primado do lucro da indústria farmacêutica.

A comunidade internacional deve mostrar o seu compromisso coletivo e a solidariedade mundial que têm estado ausentes no início deste surto para acabar com ele. Se não o fizer, permitirá que se produza um desastre sem precedentes na África Ocidental. Artigo da revista The Lancet.

A construção social de epidemias pelas classes dominantes costuma se basear num pretenso caráter aleatório e incontrolável da doença. Nesse caso, agravado pela letalidade do ébola. Será a epidemia de facto incontrolável ou pode ser evitável? Poderia haver menos mortes? Por Maria de Fátima S. Andreazzi.

Na Europa ou na América do Norte, não seria difícil deter o contágio de uma doença que se transmite entre seres humanos através dos fluídos corporais Seria suficiente dispor de infraestruturas sanitárias em condições seguras, que permitissem cuidar das pessoas doentes e evitar que tivessem contactos não protegidos com as suas famílias, bem como informar e fazer rastreio das pessoas que tenham tido relação com elas. Por Jean Batou.

A diretora-geral da OMS considera que a contenção do ébola dependerá dos países com recursos e capacidade fornecerem a ajuda necessária àqueles que são afetados. O vírus causou até agora 932 mortes de 1.711 casos possíveis e confirmados na África, segundo dados da organização internacional.

O principal médico de saúde pública do Reino Unido defende que a culpa pelo fracasso em encontrar uma vacina contra o vírus do Ébola reside na “falência moral” da indústria farmacêutica em investir numa doença porque a mesma só afetou, até agora, pessoas em África — apesar das centenas de mortes. Por Jane Merrick, no The Independent.