Dossier 352: Legislativas em França: Esquerda desafia o macronismo

Entre o programa de Mélenchon nas presidenciais e o da coligação há poucos avanços, como salário mínimo e empregos para transição ecológica, omissões e recuos como sobre a Nato e a União Europeia. Enunciam-se muitas diferenças que podem travar decisões. Mas o combate ao neoliberalismo macroniano mantém-se. Por Patrick Le Moal.

O economista que faz parte do “Parlamento da União Popular” analisa o papel dos três grandes blocos saídos das últimas presidenciais: o macronismo, a extrema-direita e a esquerda que se juntou à volta de Mélenchon. Sendo evidente que esta deve cortar com o neoliberalismo e o social-liberalismo, nesta entrevista equaciona-se como.

Olivier Guyottot analisa o papel do aproveitamento da temporalidade, dos diferentes posicionamentos que os líderes políticos assumiram, das dinâmicas de alianças e da “escolha crucial” da nova primeira-ministra nas vésperas do processo.

A partir do programa eleitoral de Macron para as presidenciais, Myriam Martin mostra a essência do seu projeto e como o “presidente dos ricos” se prepara para intensificar os ataques sociais nos próximos cinco anos.

Ultrapassada como principal desafiadora do atual presidente, a líder da extrema-direita apostou nos temas de sempre da União Nacional nas legislativas, somou-lhe as críticas à idade de reforma e ao aumento da inflação e fez parte ativa do coro que achou por bem criar uma nova diabolização na vida política francesa: a do perigo da esquerda.

Carlos Carujo

Se Mélenchon for eleito primeiro-ministro, abrir-se-á um novo ciclo com uma refundação profunda das instituições e do seu papel no cenário internacional. Caso Macron ganhe é provável que a sua situação fique insustentável porque o seu projeto antipopular não pode ser realizado sem grandes tumultos, defende Jean-François Deluchey.

A coligação de esquerda e o seu projeto de rutura com o liberalismo esteve no centro das legislativas francesas. Do outro lado, Macron promete um liberalismo ainda mais feroz em nome da estabilidade e Marine Le Pen perdeu protagonismo mas a extrema-direita continua à espreita de oportunidades. Dossier organizado por Carlos Carujo.