Dossier 342: 2021, o ano em revista

As águas das barragens foram propícias para os lucros da EDP, houve bons ventos para manter os “lucros caídos do céu” das eólicas e as remunerações de administradores e dividendos de acionistas também estiveram em alta. Com preços da energia a subir e salários estagnados, quem perdeu foram consumidores e trabalhadores.

2021 está a terminar. A pandemia marcou o ano, pelos riscos imediatos para a saúde, a vida humana e a economia. As alterações climáticas são o grande risco para o planeta, mas as medidas de combate continuam a ser adiadas. Mas o ano foi feito de vários outros acontecimentos que também lembramos.

Nos EUA, a sede do poder legislativo foi invadida em janeiro por apoiantes de Trump que tentavam impedir a certificação da vitória de Biden. O rescaldo do caso que causou cinco mortes ocupou todo o ano. Desde a razão pela qual isto foi possível até às ligações perigosas da equipa de Trump com os manifestantes.

Veio trazer a América de volta ao palco internacional e ditou que a disputa com a China era desígnio da Nato. Reverteu medidas emblemáticas de Trump, propôs imposto mínimo para multinacionais, um pacote de estímulos que fez alguns sonhar com o fim do neoliberalismo, enfrentou a maior vaga grevista dos últimos anos e o caso Assange.

Em 2021, o Mediterrâneo continuou a ser um “cemitério sombrio sem lápides”. A solidariedade europeia não passou de uma declaração de intenções e a perseguição e criminalização de migrantes e de quem os auxilia foi a regra.

Dois anos após o início da covid-19, as vacinas têm sido o sucesso no combate à doença. A ómicron mostra a necessidade das vacinas chegarem a todo o mundo. O fim da pandemia exige a rápida vacinação global e o levantamento das patentes, impostas pelas grandes farmacêuticas, protegidas pelos países ricos.

Esta onda de indignação está diretamente relacionada com a resposta do Governo, ou falta dela, à situação e às necessidades do SNS. A lei de Bases da Saúde, proposta por Arnaut e Semedo e aprovada em 2017 é essencial, mas falta concretizá-la e o Governo tem sido um travão à aplicação.

Crise económica, falta de alimentos e perda do poder de compra levou o povo às ruas em protesto. Governo reagiu com a repressão, acusando todos os que se manifestaram de serem contrarrevolucionários e mercenários. Por Luis Leiria.

Vinte anos após os ataques do 11 de setembro que deram o pretexto à intervenção norte-americana no Afeganistão, os talibãs demoraram poucas semanas a reconquistar o poder.

Os dois países são governados pela extrema-direita. Neles, continuam em causa direitos dos migrantes, da população LGBT+, das mulheres e avançam a manipulação da justiça, a censura e as campanhas ideológicas para reescrever a história.