Como o artigo de Henrique Raposo foi publicado a 7 de abril, às 10h03m da manhã, Henrique Raposo manifestou a sua indignação com uma abstenção que foi um voto favorável e que aconteceu… duas horas depois do seu texto ser publicado.
Não é inocente nem despiciendo que Guterres inclua nas suas acusações, além dos governantes, os líderes empresariais. Grandes grupos económicos que escondem atrás de fachadas muito verdejantes a sua atuação (às vezes a sua própria existência) anti-climática.
Perante o novo clima, é preciso adaptar os ecossistemas agrários para proteger a sua capacidade produtiva de bens alimentares e serviços essenciais ao sustento do território e das populações locais.
Viver sob o peso do medo de vir a ser impedido de participar na produção e, assim, ser tornado inútil, não deixa de nos fragilizar. Saibamos, desde logo, e como cantou José Mário Branco, “acordar o pensamento”.
Cavalgando entre urgências, como agora a da invasão da Ucrânia, a União Europeia desconsidera o desastre climático, que não dá votos, pelo que lhe basta um biombo de declarações piedosas.
Este abandono de um objetivo de sempre é, em si mesmo, um programa de Governo, porque é hoje possível contratar mais profissionais para os cuidados de saúde primários e é hoje possível atribuir mais equipas de saúde familiar a mais utentes.
As notícias têm-nos mostrado vídeos e imagens de ataques brutais e da subsequente destruição de várias cidades ucranianas. Desde a Segunda Guerra Mundial e, particularmente, desde a Guerra da Bósnia (1992-1995) que vários autores têm vindo a utilizar o termo urbicídio.
O Governo resiste a agir sobre a formação dos preços, a atacar a especulação e a estabelecer limites sobre produtos fundamentais. Até quando vamos adiar esta urgência?