Quando se confrontam os interesses dos adultos com os interesses das crianças, estas perdem sempre ou quase sempre. A perspetiva adultocêntrica radica na ideia de que as crianças são propriedade dos adultos.
Erdogan não se cansa de afirmar que os responsáveis pelo golpe “pagarão um preço muito alto”. Elimina-se a oposição, prende-se, tortura-se, faz-se uma purga aos principais setores do Estado. Isto chama-se ditadura. E A União Europeia, se optar pelo silêncio, também pagará um preço muito alto.
Vai ou não a União Europeia manter o compromisso de financiar o governo de Erdogan em 3 mil milhões de euros para que este faça o trabalho sujo de travar ou de devolver à procedência quem busca a Europa para fugir à guerra, à perseguição ou à miséria?
23 de junho, 6 de julho, 8 de julho: duas semanas negras para a União Europeia, o descalabro é indisfarçável. E em todos os planos: económico, político, institucional e até moral. A elite também não escapa, a sua seriedade, honestidade e credibilidade estão atingidas.
A última tentativa de golpe de Estado na Turquia foi servida como a febre de sexta-feira à noite com mais sangue derramado do que em "Pulp Ficton" ou qualquer outro filme que Travolta possa protagonizar ou Tarantino dirigir.
Julho de 2016, o presidente de um país que é fronteira entre dois continentes incita o seu povo a apoiar uma violação básica – o direito à vida – inscrito na Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada em 1948. Como se comportam os seus homólogos europeus e outros aliados?
Voltemos então ao absurdo que tivemos e ainda temos: esta Europa contribuiu para que o Iraque fosse massivamente destruído por causa de armas de destruição massiva que não tinha.
Na noite de 10 de julho último, foi com algum espanto que se assistiu a uma mistura de bandeiras nos Campos Elísios nas comemorações da vitória portuguesa no campeonato da Europa de futebol.
O mito de Prometeu, da procura incessante pelo conhecimento (e pela energia), desafiando os deuses para favorecer os humanos, é pai de uma crença inabalável no progresso linear e na inexistência de limites para o que a espécie humana pode fazer.