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Valter Lemos: E se de repente ele fosse também um desempregado da têxtil do distrito de Braga?
“Repugnantes” é o adjectivo certo para classificar as afirmações proferidas pelo Secretário de Estado do Emprego e Formação profissional em Braga, numa sessão de apresentação do programa “ QI PME Norte – Formação para empresários”, que decorreu na AIMinho – Associação Empresarial no passado dia 27.
Não resisto à transcrição da notícia publicada no Diário do Minho de 28 de Maio; “Sempre que me deslocava ao distrito de Braga, sempre os empresários e as associações empresariais me diziam que era muito difícil contratarem trabalhadores desempregados, porque a lei em vigor só os obrigava a aceitar empregos se os vencimentos fossem significativamente superiores ao subsídio de desemprego”.
“E se houver aspectos nos apoios sociais aos desempregados que desincentivem as pessoas de voltar a trabalhar, nós devemos corrigi-los”, “no distrito de Braga, esse desincentivo era muito claro”.
E continua afirmando que “infelizmente, o distrito de Braga foi atingido por uma vaga de desemprego em sectores como o têxtil e o vestuário que, em regra, têm baixos salários. E não faz sentido que depois essas pessoas sejam incentivadas a não voltar ao emprego, se tiverem essa oportunidade”.
Deixando também claro que “também não faz sentido que, após ter ficado desempregado, um trabalhador tenha de ter um salário muito superior ao que tinha antes, para voltar ao mercado de trabalho”.
Daqui podemos concluir que os patrões de Braga acham uma “extravagância”, um “luxo” que os desempregados/as trabalhem, como prevê a lei ainda em vigor, auferindo um salário 25% acima do valor do subsídio de desemprego.
Os patrões querem contratar ao preço do subsídio de desemprego que é pago pela Segurança Social e não pagar nem mais um cêntimo. Isto significa que terão trabalhadores a custo zero.
Pior que isso é que o governo do PS e, exactamente o Secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional também concorda. Por isso mesmo, e com a benevolência que lhes merecem todos os patrões da têxtil, do vestuário e do calçado que não se têm poupado a falências muitas delas fraudulentas enquanto exibem “ferraris” e faustosas vivendas gradeadas lhe faz o favor de resolver o problema.
Rapidamente e em força o governo já aprovou medidas contra os desempregados/as.
Não chega a alteração das regras de atribuição do subsídio de desemprego (alargamento do número de dias de descontos necessários para ter acesso) como também vão obrigar a que se aceite um emprego recebendo o valor do subsídio ou mesmo abaixo deste.
E diz Valter Lemos que é para incentivar as pessoas a trabalhar!
E diz Valter Lemos que não faz nenhum sentido voltar a trabalhar com um salário muito superior ao que se tinha antes de ficar desempregado!
Valter Lemos, sem dúvida um dos Secretários de Estado mais conhecido do anterior governo tem estado muito apagado nas suas novas funções neste governo. Talvez por isso, tenha achado que chegou a hora de também no Ministério do Trabalho dar o ar da sua graça e começar a insultar os desempregados e desempregadas.
E se de repente ele fosse também um desempregado da têxtil, estou certa de que o teria encontrado no dia 29 em Lisboa no protesto que juntou mais de 300 mil pessoas indignando-se e dizendo “ Nós não pagamos a crise deles”. VAMOS Á LUTA!
Comentários
Ora vejamos. A Economia é
Ora vejamos. A Economia é algo de muito natural e ao nivel de compreensão de qualquer pessoa, isto porque, de certa forma somos todos Economistas.Ou seja, gerimos as nossas despesas em função do rendimento, dos preços dos bens e claro, das nossas preferências.
Como tal, preferimos "normalmente" diversificar os nossos bens e consumir mais. Quando um bem é "mais em conta" dá sempre jeito. Ora, uma empresa, sendo constituida por pessoas, é muito semelhante. Como tal, vai procurar ter menores custos de produção para poder baixar o preço, podendo assim expandir a sua oferta de bens.Ou seja, mantendo a procura constante, a quantidade de equilibrio aumenta e o preço diminui. E lá ficamos todos contentes!
No caso dos empregados terem um menor custo para a empresa, devido à alteração da Procura, a que se refere o texto, criou-se , finalmente a possibilidade de haver um equilibrio, que antes nem sequer havia, pois os empresários não tinham a capacidade de ter mais empregados.
Além disso, é obvio que quanto maior for o subsidio de desemprego maior é o desincentivo à oferta de trabalho.Além de que, um aumento do rendimento exógeno jamais aumenta a quantidade oferecida de trabalho.Neste caso é ainda pior pois diminui-a.
Além disso, o Estado consegue reduzir as suas despesas, há que poupar para o TGV!
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