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A vaga de protestos

A censura ao governo, para além do parlamento, já começou e vai prolongar-se nas ruas.

A crise financeira continua a abalar o mundo. Em 2008, os Estados foram obrigados a intervir rapidamente, doando muitos milhões de euros e dólares para evitar o colapso iminente da finança mundial. Os prejuízos foram socializados nas contas públicas.

Depois de receber as ajudas dos Estados, a finança mundial lançou-se ao ataque às dívidas públicas para lançar os prejuízos sobre a maioria da população e assim continuar a acumular lucros chorudos. É por isso que estamos a enfrentar dolorosos planos de austeridade, que atingem a maioria da população, um pouco por todo o mundo. Mas é também por isso que vemos populações a lutar e a mudar a realidade existente, como acontece no mundo árabe.

No nosso país, o governo Sócrates, apoiado pelo PSD, impõe sucessivas medidas de cortes salariais, de redução brutal do investimento público, de limitações severas nos serviços públicos, degradando-os significativamente e provocando a catástrofe do desemprego. União Europeia, FMI, governos francês e alemão exigem ainda mais cortes na despesa pública portuguesa, ou seja querem agravar ainda mais a vida dos mais pobres, para que os bancos continuem a fazer disparar os juros. E, perante esta chantagem inaceitável, Sócrates e Teixeira dos Santos declaram solenemente que estão dispostos a impor mais austeridade.

Como deveria reagir o Bloco de Esquerda, face a uma situação destas que ameaça tornar-se ainda mais grave? Naturalmente, apresentando no parlamento a mais importante iniciativa contra tal política: uma moção de censura ao Governo.

No dia 10 de Março, a moção será debatida na Assembleia da República e já se sabe que não será aprovada, porque a direita ajudará o governo. Nada de novo no comportamento de PS, PSD e CDS. O governo impõe o agravamento das condições de vida, enquanto PSD e CDS suportam essa política, procurando que o PS se desgaste para tentarem captar eleitores para uma alternância, que garanta a continuidade das políticas de austeridade.

A censura ao governo, para além do parlamento, já começou e vai prolongar-se nas ruas.

Para dia 12 de Março, um pequeno grupo de jovens tomou a corajosa iniciativa de convocar um protesto (apartidário, laico e pacífico) da “Geração à Rasca”.

A 19 de Março terá lugar uma manifestação nacional convocada pela CGTP. Trabalhadores de diversas empresas e sectores, nomeadamente nos transportes, têm vindo a realizar sucessivas paralisações de protesto contra a política de cortes salariais. O sector da educação prepara-se para voltar à luta, estando convocada uma marcha para o dia 2 de Abril, em defesa da escola pública.

É este o caminho que os povos seguem. Na Irlanda, o partido que estava no governo sofreu uma monumental derrota e a esquerda teve uma subida significativa. Na Grécia, os trabalhadores já realizaram uma nova greve geral em 2011, depois de terem feito sete em 2010. No Wisconsin e no Ohio, funcionários públicos e estudantes realizam poderosos protestos, como há décadas se não viam.

É nesta corrente de luta que nos integramos. É por aqui que passa a mudança social.

Sobre o/a autor(a)

Editor do esquerda.net Ativista do Bloco de Esquerda.
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