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Um Verão de incêndios que já lamentamos
Nos últimos dias vimos as impressionantes imagens dos incêndios na Madeira e no Algarve que nos tocam e nos obrigam a toda a solidariedade para com as populações que sofrem e para com as bombeiras e os bombeiros que estão no teatro de operações (ver ocorrências aqui).
Para além das populações ameaçadas pelo fogo, do perigo que ameaça suas casas e os seus locais de trabalho, os incêndios florestais destroem ainda anualmente milhares de hectares de florestas, arruinando ecossistemas inteiros que demoram décadas a recuperar.
Infelizmente pouco se aprendeu com os incêndios de 2003, 2004 e 2005 em que arderam mais de 850 mil hectares de floresta, ou seja, cerca de 10% da área total do país. Estudos de vários especialistas dão conta que os custos sociais dos incêndios de 2003 ascenderam a mais de mil milhões de euros e passados cerca de 10 anos voltamos a ter florestas com pouca ou nenhuma gestão florestal e com muito combustível acumulado. Para fechar o triângulo do fogo basta termos um Inverno seco e atividades humanas que iniciem os incêndios.
A única maneira de diminuir a ocorrência de incêndios é, como se sabe, apostar na prevenção, sensibilizando as populações e realizando um ordenamento florestal que reduza a probabilidade de ocorrência de incêndios e que melhore o seu combate. Depois, durante a fase crítica dos incêndios florestais, o mais importante é ajudar na deteção dos fogos para que estes não se tornem incontroláveis.
Assim, e se bem que o Ministério da Administração Interna tenha posto em marcha um dispositivo de combate que parece ser adequado e que custará mais de 70 milhões de euros – 45 milhões dos quais para meios aéreos – o Ministério da Agricultura e do Ambiente não foi suficientemente diligente e demorou quase um ano atribuir a responsabilidade da pasta das florestas, para além de retirar mais de 174 milhões de euros do setor florestal para a agricultura.
Agora o que importa é ajudar no combate aos fogos, proteger as populações e garantir que as bombeiras e os bombeiros têm meios para realizar o seu trabalho, mas passada a fase crítica dos incêndios é necessário chamar à razão a Ministra Assunção Cristas para que aposte na prevenção e para que veja os resultados do desordenamento florestal e que, com essa lição, abandone por fim o sinistro plano de oferecer a floresta portuguesa aos interesses do lóbi do eucalipto e da pasta do papel.
Comentários
o combate ao fogo é com água
o combate ao fogo é com água para cima dele porque é o mais barato e o que exige menos capacidade operacional, quando a maior parte dos fogos florestais deve ser combatida com contra fogos e máquinas apropriadas no terren; é o que se arranja ou se aluga,os gajos que mandam e os que são mandados sabem isso melhor que nós, mas as catástrofes são assim, faz-se o que se pode e mais não se fez porque não se podia, é a fatalidade, arderam as galinhas mas salvaram-se as pessoas que ficam muito gratas por só terem perdido tudo menos a pele, e palmas para os bombeiros (que as merecem, claro está). Esta conversa é uma treta trágica, e a massa vai para as tropas para os compromissos com a NATO para sermos uma nação respeitada lá fora, em conjunto com os cortes da troika que temos aceite e nos prestigiam. A forma como se encara a protecção civil é um crime, não pode haver desculpa.
Tens todaa razão quanto à
Tens todaa razão quanto à necessidade de prevenção.O Bloco tem que propor programas, verbas e atribuição de meios. O próximo orçamento deve ser marcado também por isso.Bloco tem que propor programas, verbas e atribuição de meios. O próximo orçamento deve ser marcado também por isso.Quanto ao dispositivo adequado era bom "termos uma conversa sobre o assunto" como dizia o outro por más razões: o dispositivo adequado é sempre aquele que não funciona porque a prevenção não foi como devia, porque o ordenamento, etc. O dispositivo é uma treta:A protecção civil não é vista como uma prioridade absoluta - trata-se da terra, dos bens e da vida das pessoas,esta luta é a nossa guerra - não tem meios humanos em quantidade e qualificação,contam sempre com o ovo no cu da galinha, os meios materiais são secundaríssimos, a GNR faz de conta com grupos ad hoc chamados de alta especialização e eficácia para não investir nos corpos de sapadores e na articulação com os voluntários e profissionais,
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