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Um acordo humilhante
A novela da redução da operação da Ryanair nos Açores terminou com um anúncio do Governo Regional que é humilhante para os Açores: a companhia aérea de baixo custo reduz a sua operação no inverno para 4 voos para São Miguel e 4 voos para a Terceira. Os açorianos e açorianas pagam para a Ryanair encerrar a sua base em Ponta Delgada e reduzir a sua operação. Parece uma anedota. Mas não é!
Bolieiro não tem vergonha de anunciar um acordo que coloca os açorianos e açorianas a subsidiar a multimilionária Ryanair para manter uma operação residual
José Manuel Bolieiro não tem vergonha de anunciar um acordo que coloca os açorianos e açorianas a subsidiar a multimilionária Ryanair para manter uma operação residual. Bolieiro esconde quanto é que vamos pagar!
Bolieiro ainda tem o descaramento de dizer que os açorianos têm de se habituar a uma economia não governamentalizada, ao mesmo tempo que subsidia uma empresa privada num mercado liberalizado e privatiza a SATA Internacional que passará a servir outros interesses. Com este governo de direita os açorianos começam a habituar-se a ver o governo cada vez mais ao serviço dos poderosos.
No atual momento o único instrumento que a região ainda tem para atenuar os impactos na economia e na mobilidade é a SATA. Mas, por vontade da direita e de quase todos os partidos representados no parlamento, que só divergem na forma e no tempo, os Açores deixarão de ter esse instrumento. Só o Bloco se opõe à privatização.
A redução da operação da Ryanair demonstra bem o crime económico e contra a autonomia que o governo regional PSD/CDS/PPM, apoiado pelo CH e IL, está a perpetrar contra os Açores. Ninguém poderá dizer que não sabia o que poderia acontecer assim que os Açores fiquem totalmente dependentes do mercado para a sua mobilidade externa.
Os futuros novos donos da SATA Internacional podem decidir reduzir a sua operação nos Açores, levando os seus aviões para outras rotas que sirvam melhor os seus interesses. O caderno de encargos da privatização não o impede, bem pelo contrário. Os futuros novos donos da TAP, também em processo de privatização, desta feita pelas mãos do PS, poderão fazer o mesmo.
Nesse cenário, seremos chantageados para pagar a peso de ouro a operação de companhias aéreas como a Ryanair. Os Açores terão então abdicado do único poder negocial que têm: serem donos de uma companhia aérea que é o garante das nossas ligações ao exterior. E isso é um instrumento determinante da autonomia. De pouco serve a autonomia na teoria se na prática os Açores estão de joelhos perante interesses externos.
Os empresários do turismo estão preocupados com o impacto da redução da Ryanair que representa menos de 15% dos passageiros transportados do exterior para a região. Deveriam estar mais preocupados com a privatização da SATA que representa mais de 40% e da TAP (em processo de privatização) que representa sensivelmente o mesmo que a Ryanair (dados ANAC). Pelo contrário, há representantes das empresas a defender mais apoios às low-cost, colocando os impostos dos açorianos e açorianas a financiar os negócios de multinacionais e de alguns empresários da região.
A fragilidade do modelo de transportes aéreos para os Açores, agravada pela privatização da SATA Internacional e da TAP, é evidente.
Mas ainda há tempo de mudar de rumo. Até lá ficamos com o episódio da humilhação dos Açores pela Ryanair, com o apoio do governo regional.
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