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Saudação à luta dos trabalhadores dos bares dos comboios

Os trabalhadores dos bares dos comboios mantiveram durante 59 dias uma vigília nas estações de Campanhã e Santa Apolónia, realizaram ações de protesto, ocuparam linhas e com a sua luta conseguiram ser reintegrados com todos os direitos e regalias.

Sou dirigente sindical da Hotelaria e membro do CN da CGTP-IN e quero aproveitar para saudar a grande luta dos trabalhadores dos bares dos comboios que mantiveram durante 59 dias uma vigília nas estações de Campanhã e Santa Apolónia, que realizaram ações nos ministérios das Infraestruturas e das Finanças, que realizaram ações de protesto na sede e serviços da CP, no Porto e em Lisboa, que bloquearam a circulação dos comboios, ocupando as linhas e que com a sua luta conseguiram ser reintegrados com todos os direitos e regalias, com o pagamento dos salários em atraso de fevereiro, março e abril.

Quero agradecer a presença da nossa camarada Catarina Martins, e demais camaradas, que com a sua presença e acima de tudo a solidariedade, deram uma enorme força à luta, mas quero aqui denunciar o comportamento do Governo e da CP que poderia e devia ter resolvido o problema dos trabalhadores de imediato, internalizando os serviços e cumprindo a lei, pois a partir da altura em que a CP resolveu o contrato com a concessionária deveria ter assumido de imediato os contratos de trabalho e pago os salários em atraso evitando todos este sofrimento aos trabalhadores.

Quero também saudar de igual modo a luta mais recente dos trabalhadores das cantinas e refeitórios, sendo que na região Norte na greve realizada na passada sexta-feira encerraram mais de 100 cantinas escolares, só no Porto. Das 45 cantinas EB1 41 estiveram encerradas e das 6 mil refeições diárias mais de 5.500 não foram servidas .Encerraram também nesta greve outras cantinas como foi o caso do Centro de Formação do Cerco do Porto e a cantina da RTP, e houve adesões significativas nos hospitais e outras cantinas.

Quero denunciar o facto da chamada Agenda para o Trabalho Digno que não resolveu o problema da precariedade das cantinas, pois mais de 90% dos trabalhadores têm vinculo precário, que são contratados todos os anos e despedidos no ano seguinte. Quero também denunciar também as câmaras municipais que preveem cargas horárias de hora e meia, 2 ou 3 horas diárias nos cadernos de encargos e que não pagam os transportes. Estes trabalhadores recebem um salário miserável de 150, 250 ou 300 euros mensais. Estas empresas das cantinas, nas demais cantinas que exploram nas fábricas ou IPSS ou outras, não têm trabalhadores a tempo parcial, por isso este problema advém dos cadernos e encargos das câmaras municipais.

Saúdo também a grande greve dos trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Gaia que não aceitaram a tabela miserável da CNIS e lutaram numa greve com grande adesão no passado dia 24 deste mês por melhores salários e na defesa dos direitos.

Por último, e não menos importante, quero daqui saudar a luta dos trabalhadores do Casino de Chaves que realizaram 18 dias de greve em nove meses por melhores salários e na defesa da contratação coletiva, ao mesmo tempo quero denunciar o facto da Ministra do Trabalho ao não fazer despacho da arbitragem requerida há 6 anos pelos sindicatos e que poderia resolver o problema da falta de contratação coletiva destes trabalhadores. O Governo, a quem compete a promoção da contratação coletiva, dá cobertura aos patrões, bloqueando as arbitragens requeridas pelos sindicatos, o que é uma ilegalidade e uma vergonha.

Intervenção na XIII Convenção do Bloco de Esquerda, realizada a 27 e 28 de maio de 2023

Sobre o/a autor(a)

Dirigente sindical da Hotelaria e membro do CN da CGTP-IN
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