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Pepinos
Nas últimas semanas muito se falou sobre a ameaça dos pepinos. O alerta foi dado pela Alemanha. Supostamente, pepinos orgânicos espanhóis estariam contaminados por uma bactéria mortífera de seu nome E.coli.
É verdade e são profundamente lamentáveis as mortes e as contaminações já ocorridas. É verdade que a posição tomada pela Alemanha é inaceitável, assim como os custos que essa posição provocou aos agricultores espanhóis e portugueses, nas margens na Europa e habituados que começam a ficar de serem sempre 'suspeitos'. Mais grave, sabe-se hoje que o foco da contaminação está sim na Alemanha e circunscrito, mas continuamos a não saber a origem do problema. É ainda vergonhoso o montante definido pela Comissão Europeia para compensar os agricultores de toda a Europa, o total proposto não chegaria sequer para cobrir os prejuízos espanhóis.
Mas vamos um pouco mais fundo no que se passou: a Alemanha lançou um alerta, a Europa parou. Fosse o governo espanhol ou português a lançar a mesma mensagem e já sabemos que os impactos não seriam os mesmos. Interessa, por tudo isto, retirar algumas lições. Em primeiro lugar, nos últimos anos tem-se agravado a suspeita permanente sobre o que comemos. Episódios como a gripe suína, dioxinas nos alimentos, carnes contaminadas, embalagens tóxicas fazem parte de um enorme rol de histórias que se vão somando. O modelo de produção agro-industrial que venceu nos últimos anos pôs-nos dependentes de pouco mais de uma mão cheia de multinacionais e a comida que consumimos torna-se cada vez mais uma ameaça à saúde e menos uma necessidade ou um prazer. O uso e abuso destas bactérias na produção, assim como de conservantes e outras variações, tem sido parte de um modelo que coloca o lucro à frente da saúde pública e que tem dado origem a novas estirpes de bactérias cujos impactos só podemos desconhecer.
Em segundo lugar, esta crise veio mostrar como a confiança mora ao lado dos pequenos produtores. Contaminação pode existir em qualquer lado, mas se for detectada numa pequena produção mais facilmente é circunscrita e eliminada. No sistema actual, o que poderia nem ser uma ameaça passa a sê-la à escala global, tal é a concentração da produção e da distribuição alimentares.
Por último, provou-se que era seguro consumir produtos hortícolas e frescos em Portugal. Os pequenos produtores tiveram de fazer o teste e passaram-no com distinção.
Num mundo ideal, esta crise fazer-nos-ia voltar a pensar na importância da produção agrícola local e na reconstrução de redes de abastecimento de proximidade como meios indispensáveis à salvaguarda de um modelo sustentável e de uma produção agrícola de qualidade. Temo, contudo, que o efeito seja inverso. Dependerá também de nós e da nossa capacidade de voltar a colocar na agenda a discussão sobre o modelo agrícola que é verdadeiramente necessário.
Comentários
[3ª parte] Seja qual for o
[3ª parte]
Seja qual for o resultado, urge continuar a lutar e obrigar que as canetas dos políticos mundiais acrescentem com sinceridade estes assuntos às suas agendas. Em nome da Terra, do Homem, do futuro, da honestidade, transparência e justiça que nos devemos e devemos ao próximo.
[2ª parte] Em seguida, e
[2ª parte]
Em seguida, e embora não esteja feita a triagem e localizada a origem do surto, não me espantaria que uma das duas seguintes hipóteses (diametralmente opostas) estivesse correcta: ou a bactéria foi laboratorialmente preparada de forma a descredibilizar as produções e os métodos biológicos (o que poderá parecer hipótese conspiratória, mas que, atentando à história dos poderes e forças que os interesses capitalistas lograram, não seria um cenário assim tão descabido); ou, de facto, a bactéria encontrou um ambiente propício para o seu desenvolvimento devido à falta de tratamentos químicos industriais, o que seria de igual modo triste por revelar que a natureza já está de tal forma viciada que não consegue proteger-se das ameaças que sempre conseguiu combater sem recurso a pesticidas e outros “cidas” que tais.
[1ª parte] Apenas gostaria de
[1ª parte]
Apenas gostaria de apresentar e propor aquilo que pela incerteza e delicadeza que comporta reconheço ser complicado escrever: as hipotéticas causas do aparecimento deste tipo de fenómenos perigosos para a saúde pública, em nome do lucro das multinacionais.
Antes de mais, pergunto-me se a produção agrícola e os modelos alternativos de distribuição à escala local terão estado efectivamente alguma vez nas agendas políticas dos quem mantém o poder sobre estas áreas. Penso que não ou já se teria feito alguma coisa. Não nos pode servir de consolo o ainda minoritário, mas essencial, combate e persistência de alguns cidadãos e microempresas de produção própria e biológica, apesar de, de quando em vez, ouvirmos falar do assunto nos meios de comunicação social (talvez mais por descargo de consciência que por força da mesma).
Neste âmbito, algumas considerações desenvolvidas pelo Arquitecto Paisagista Gonçalo Ribeiro Telles deveriam ser tidas em conta.
Na minha opinião e de um
Na minha opinião e de um ponto de vista mais científico, a produção agrícola tem, nos últimos anos, vindo a recorrer mais de produtos químicos que aceleram a produção.
Vamos comparar esta situação com algo incomparável:
Nós numa estrada onde se pode andar no máximo a 120 km/h, se andarmos a 160km/h iremos sair prejudicados, pois iremos ser multados ou, com consequências maiores, um desastre de viatura.
Se um pepino demora 3 meses a crescer (estou a supor), então, seja! Nós não podemos de forma alguma intervir no ciclo natural das coisas, se não, sairemos danificados.
A produção em massa dará ao Agricultor um maior lucro, e aí está o erro do Individualismo. Uma Sociedade nunca avançará se nós apenas pensarmos no nosso ego. Devemos sim, realizar tudo em prol da nossa Sociedade.
"Produzimos para consumir juntos"
Nem tudo ao mar nem tudo à
Nem tudo ao mar nem tudo à terra.
Há várias coisas que já deveriamm ter mudado há muito tempo:
1.Não é praticamente possível produzir batatas sem utilizar pesticidas.
Acontece um problema grave com os pequenos agricultores se são semi ou analfabetos. Até podem saber ler e escrever mas não saber intrepretar o rótulo dum pesticida. Devia ser proibido vender pesticidas a uma pessoa nestas condições. Qualquer pessoa pode vender qualquer pesticida e qualquer pessoa pode comprar. Face a isto não se respeitam os intervalos de segurança e outras instruções técnicas. Nestas condições o consumidor corre riscos, deste intoxicação de efeito rápido, a predisposição cancerígena e esterilização. Já me aconteceu ser enganado na compra e vir a saber da aplicação de insecticidas em batatas que coloquei no lixo, por sorte.
2. sobre as carnes que consumimos
Nem tudo ao mar nem tudo à
Nem tudo ao mar nem tudo à terra.
2. Sobre a carne e os ovos que consumimos o importante não é saber onde os animais cresceram. O que não sabemos e que nos pode fazer muito mal é o que os animais consomem. Praticamente todos os animais comem rações, mesmo os da avozinha. Não conheço nenhuma ração que não contenha milho e ou soja geneticamente modificada e isso pode ter uma influência muito negativa na nossa saúde.As rações produzidas com produtos gm são obrigadas a mencionar isso no rótulo. Igualmente deveria ser obrigatória a menção de alimento com organismos gm nos rótulos das embalagens das carnes e dos ovos.
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