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Para quando o fim do preconceito no Instituto Português do Sangue?
Dois anos após a Assembleia da República ter aprovado, por proposta do Bloco de Esquerda, o fim da discriminação de homossexuais e bissexuais masculinos nas dádivas de sangue, o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) continua a promover o preconceito e a recusar dádivas destas pessoas.
Na passada semana, o Bloco de Esquerda denunciou o caso de um homem que se dirigiu a um posto móvel de recolha do IPST, em Lisboa, e cuja dádiva de sangue foi recusada com o argumento de que “a homossexualidade é um critério que exclui a dádiva”. Não contente com esta afirmação, o técnico do IPST acrescentou que este homem nunca mais poderia dar sangue por ser homossexual, mesmo que se mantivesse em abstinência sexual.
Esta atitude preconceituosa e desprovida de qualquer fundamento científico é incompreensível e inaceitável, mais ainda porque vai contra o estipulado na Resolução da Assembleia da República nº 39/2010 que “recomenda ao Governo a adoção de medidas que visem combater a atual discriminação dos homossexuais e bissexuais nos serviços de recolha de sangue” nomeadamente através da “reformulação de todos os questionários que contenham enunciados homofóbicos” e da “elaboração e divulgação de um documento normativo que proíba expressamente a discriminação dos(as) dadores(as) de sangue com base na sua orientação sexual”.
Creio que, se se pretende selecionar quem pode dar sangue, essa seleção deverá ocorrer por motivos estritamente médicos, científicos, fiáveis e aferíveis. Neste contexto, a orientação sexual não pode nunca ser um critério e, a sê-lo, implicaria o afastamento de heterossexuais, visto terem sido o grupo onde se identificam mais casos de infeção por HIV: de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Doutro Ricardo Jorge (INSA), em 2010 foram diagnosticados 42 casos de homossexuais portadores de HIV, contra 208 de heterossexuais.
Por outro lado, convenhamos que quando se pergunta a alguém seja o que for sobre a sua vida íntima, a pessoa poderá sempre responder o que quiser e, quem está do outro lado, terá sempre que acreditar, porque não há como validar a veracidade das afirmações. Então, para quê perguntar?
Pessoalmente sou dadora de sangue há mais de dezassete anos e sempre me revoltou a inutilidade e o preconceito inerente às perguntas que são colocadas na consulta que antecede a dádiva: “tem um relacionamento estável, não tem?”; “não teve nenhum relacionamento sexual duvidoso, pois não?”. Nunca me foi perguntado pela utilização de preservativo.
É urgente que o IPST generalize nas suas práticas o disposto na lei e, já agora, que equacione rever o protocolo inerente às dádivas de sangue, designadamente no que concerne às questões inerentes à vida sexual das/os dadoras/es, porque elas nada avaliam, promovem respostas imbuídas de desejabilidade social e infantilizam as pessoas que dão sangue que acabam por faltar à verdade, seja para não parecerem loucas pervertidas seja porque, de facto, não sabem o que anda a fazer a pessoa com quem estão santamente casadas…
Comentários
È a segunda vez que discordo
È a segunda vez que discordo do que escreve. Dois temas diferentes: Formação Profissional e Saúde.É especialistas em ambos?
As Novas Oportunidades foram um logro. A saúde é um bem essencial e por isso deve estar acima, quer de preconceitos, quer eventual utilização por quaisquer grupos para impor uma norma qualquer.
Risco e probabilidade são conceitos determinantes em ciência. È disso que se trata. Não é preciso explicar-lhe mais nada. A modernidade está no saber, no conhecimento, na cultura e não nas modas. A homossexualidade tem que ser tratada com respeito. Mas a saúde pública é um bem acima de qualquer arma parola de arremesso.
Caro Carlos: O preconceito
Caro Carlos:
O preconceito tem que acabar no IPS mas tb na sua cabeça! Não tem vergonha das coisas que escreveu? Se não tem, deixe estar que tenho eu por si!
Sejas feliz com os seus preconceitos, a sua mente tacanha e a sua incapacidade de ver os factos.
Carlos Costa: As mulheres
Carlos Costa:
As mulheres heterossexuais não estão isentas da prática de sexo oral ou anal, tanto que existem muitas que os praticam. A diferença é que a estas não lhes foi vedado o direito de doarem sangue com base na sua orientação sexual.
Tanto homens ou mulheres que pratiquem sexo anal têm EXACTAMENTE O MESMO RISCO de contrair VIH ou outras DST.
Existe um preconceito explícito. E é sobre a orientação sexual dos dadores.
Nos anos 80, quando o VIH começou a tornar-se mais conhecido existia, maioritariamente, numa população homossexual. Hoje em dia constata-se exactamente o contrário, já que a maioria da população infectada a nível mundial é heterossexual.
A pretexto da protecção da saúde pública perpetua-se a ideia, errada, de que os homossexuais são os maiores detentores e transmissores de VIH, quando actualmente isto NÃO É VERDADE.
Informe-se melhor antes de responder, porque claramente padece do mesmo preconceito e falta de informação que o IPS.
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