Está aqui
País Basco: paz e justiça social
Euskal Herria é um pequeno território que se estende a ambos os lados da fronteira, entre Espanha e França. O país dos bascos encontra-se, por tanto, dividido entre dois Estados. A isto há-que somar a divisão administrativa entre três diferentes entidades: a Comunidade Autónoma do País Basco, Navarra na parte sob administração espanhola, e Iparralde, sem nenhuma instituição específica reconhecida, na parte sob administração francesa.
O nosso país tem mantido, e mantém, uma constante reivindicação: o seu reconhecimento enquanto nação livre e soberana. Esta reivindicação tem sido relegada historicamente resultando num conflito prolongado.
A Izquierda Abertzale durante décadas, e o SORTU desde a sua fundação, tem lutado por um Estado livre e socialista procurando sempre uma solução democrática para o conflito.
Nos últimos anos têm sido dados passos importantes nesse sentido. A conferência internacional de Aiete, realizada a 17 de Outubro de 2011, marcou um ponto de mudança. Na dita conferência estiveram presentes lideres internacionais, entre eles - Kofi Annan, Bertie Ahern, Gro Harlem Brundtland, Pierre Joxe, Gerry Adams e Jonathan Powell - em conjunto com uma ampla e plural representação de partidos políticos e agentes sociais bascos.
Nas conclusões da conferência, os lideres internacionais apresentaram a Declaração de Aiete definindo-a como um “mapa” a seguir para a resolução do conflito basco e que, consequentemente, definia vários requisitos para a ETA e os estados espanhol e francês, mas também para os agentes políticos bascos. Em resposta aos desafio de Aiete, a Eta declarava a 20 de Outubro de 2011 o cessar definitivo da sua actividade armada, abrindo assim a portas, de par em par, para a resolução do conflito por via de um acordo e de negociação.
Avançou-se desde então, no entanto, muito há ainda por fazer. O governo espanhol mantém uma postura imóvel, nega-se a aceitar o novo cenário político aberto em Euskal Herria e está a tentar bloquear o processo.
Perante esta situação de bloqueio, vários organismos têm organizado iniciativas com o propósito de promover o processo de resolução e fazer com que a sociedade faça parte deste impulso. A mais importante foi o Fórum Social, organizado por Lokarri y Bake Bidean, e onde participaram diversos especialistas internacionais com vasta experiência na resolução de conflitos. O resultado deste forúm foi a apresentação, há uma semanas, de uma lista de 12 recomendações de como gerir e resolver o processo de paz. Estas doze recomendações dividem-se em 4 partes: desmantelamento e desarmamento, pessoas presas e fugidas, direitos humanos e verdade e memória.
Estas recomendações são para o SORTU uma referência importante para abordar a formula necessária para a resolução do conflito. É por isso que desejamos fortemente participar em todas as iniciativas que visem pôr em prática estas recomendações. Participamos com uma atitude construtiva, a partir da nossa própria posição, na medida em que as posições que subjazem as recomendações não coincidem a 100% com a nossa visão política.
Para o SORTU a prioridade continua a ser dar passos e conseguir acordos para ultrapassar o conflito político, e pensamos que assim deveria ser também para os restantes atores políticos: é tempo de deixar de lado os interesses partidários, é tempo de soluções. No SORTU estamos convencidos que só o diálogo, a negociação e o acordo farão avançar soluções para o processo. Estamos decididos a trabalhar, sem descanso, para alcançarmos um cenário de paz justa e duradoura para Euskal Herria, onde o direto a decidir pela cidadania basca seja respeitado, um cenário de justiça social, onde todos os projetos políticos tenham lugar.
Artigo publicado no portal do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu
Adicionar novo comentário