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O privado é que é bom?
O governo PSD/CDS incluiu no seu programa a entrega aos privados da gestão de alguns hospitais públicos, desconhecendo-se por enquanto a lista dos (in)felizes contemplados.
Não há qualquer evidência que a gestão privada traga qualquer vantagem acrescida aos hospitais. Pelo contrário, quer em Portugal quer noutros países, abundam os exemplos que contrariam aquela propalada vantagem. O que se passou com o hospital Amadora-Sintra durante a gestão dos Mellos é disso o mais flagrante exemplo. Tão flagrante que até o então primeiro-ministro José Sócrates afastou o grupo Mello da gestão daquela unidade hospitalar.
A pretensão do governo da direita radica exclusivamente num preconceito ideológico – o privado é mais competente que o público - e num propósito político – alargar o negócio dos privados, entregando-lhes a exploração de grandes hospitais públicos.
Se dúvidas houvesse, elas seriam desfeitas pela recente divulgação das estatísticas oficiais sobre os hospitais nortenhos. Que mostram esses números sobre o novo hospital de Braga, hospital público gerido pelo grupo Mello Saúde SA?
O Hospital de Braga é o que tem maior número de inscritos em lista de espera para uma primeira consulta (42.800), no conjunto das especialidades.
Em média, no Hospital de Braga os utentes esperam mais 3 meses por uma primeira consulta.
Mais de metade dos inscritos para consulta no Hospital de Braga (23.989), já ultrapassaram o Tempo Máximo de Resposta Garantido previsto por lei. Destes, 85% não tem sequer consulta agendada.
A média e a mediana do tempo de espera para uma primeira consulta no Hospital de Braga também são muito superiores aos valores registados na globalidade da região Norte, em particular, nas especialidades de Gastrenterologia (+271 dias, em média), Urologia (+251 dias, em média), Medicina Interna (+174 dias, em média), Cirurgia Plástica e Reconstrutiva (+138, em média) e Ginecologia (+123 dias, em média).
Destes números pode tirar-se uma conclusão: o Hospital de Braga é um dos hospitais com pior desempenho na região Norte. Os elementos agora divulgados – e ao contrário de toda a propaganda que tem vindo a ser feita pela José de Mello Saúde – revelam a incapacidade e o insucesso da gestão privada daquele hospital.
A gestão privada não traz qualquer benefício ao SNS. É mais ineficiente e, também, mais cara. A gestão privada traduz-se num duplo prejuízo: a sua ineficiência prejudica os doentes e o seu custo castiga o orçamento.
O tempo não é de alargar a gestão privada a outros hospitais do SNS, como pretende o governo, mas sim de lhe pôr um ponto final. Em nome da qualidade do SNS e do combate ao desperdício dos dinheiros públicos.
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