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O Capital, os Remorsos, Pingo Doce e os Invejosos

A Fundação Francisco Manuel dos Santos divulgou esta semana um estudo intitulado Portugal Desigual sobre “um retrato das desigualdades dos rendimentos e da pobreza no país”.

Por cá, conheço poucos que estivessem em melhores condições para o poder fazer.

A partir do estudo, a SIC tinha já adiantado já que:

“Entre 2009 e 2014, Portugal ultrapassou os 2 milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza. Nesses anos, mais 116 mil pessoas entraram em privação material severa e engrossaram a lista de portugueses a viver na pobreza extrema. Um quarto dos novos pobres são crianças.”

Depois de constatarmos que neste período em particular as políticas de PS de Sócrates, CE de Barroso e PSD/CDS de Passos, Portas e Cristas provocaram uma hecatombe de pobreza nas classes baixas e médias, convém saber também que quem promove o dito estudo é a fundação que derivou das fortunas do Pingo Doce.

A filantrópica empresa, como toda a gente sabe, é um paladino da responsabilidade social e do desenvolvimento do país. Outros beneméritos fazem o mesmo. Lembro-me, por exemplo, da Fundação Calouste Gulbenkian e a sua Partex e da Fundação Champalimaud, a mais bondosa. E assim, à primeira vista, acho muito bem. Daí, creio eu, pagarem este tipo de estudos e fazerem boas ações para consciencializarem os portugueses sobre a sua exploração, a degradação do país em que vivemos, identificar os facínoras que os exploram e apontar soluções para nos livrarmos de um sistema que só produz desigualdade e lixo.

Ora, eu não sou de intrigas, mas há quem diga o contrário. Cobras e lagartos destas iniciativas. Consideram-nas um isco que atrai para uma incauta aproximação à burguesia e posterior perdão das tropelias que nos tem feito. Que Soares dos Santos de bom nada tem, que é o diabo em forma de Mr. Magoo e, pasme-se, que promoveu precariedade, esmifrou produtores, fugiu a impostos e enriqueceu à custa dessas mesmas políticas e da exploração do povo. Invejosos! Não podem ver o sucesso de outros que logo começam a desdenhar.

Artigo publicado em O navio de espelhos

Sobre o/a autor(a)

Linguista. Dirigente distrital do Porto do Bloco de Esquerda. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990.
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