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O arco da corrupção
Não quero dizer que todos os dirigentes destes partidos são corruptos. Pretendo antes enfatizar que o exercício comum do poder que os caracteriza banalizou o tráfico de influências (alguns chamam-lhe cinicamente «capital social»...), a colonização dos altos patamares da administração pública por grupos de dirigentes que actuam em malfeitoria organizada e o financiamento ilícito destes partidos. Eles não sabem actuar de outra forma. Governar torna-se sinónimo de propiciar mobilidade social aos «amigos» e de conseguir dinheiro para as campanhas eleitorais, forma de prolongar e reproduzir a permanência no poder. Para muitos, a filiação no PS, PSD e CDS é o verdadeiro «elevador social».
Por isso são tão gritantes os silêncios, as hesitações e as fintas em torno de questões relevantes como a dotação de meios capazes às instituições de investigação criminal; a identificação e taxação dos off-shores (onde se faz o branqueamento de capitais), o levantamento sistemático do sigilo bancário, a criminalização do enriquecimento ilícito ou a criação da figura do crime urbanístico.
Nem vale repetir que a credibilidade da democracia se desfaz com a proliferação de casos e escândalos. Eles estão-se nas tintas. Henrique Neto, empresário ligado ao PS, ousa perguntar: "Isto só é possível por os partidos políticos estarem interessados em nunca esclarecer isto. E não apenas o PS, também o PSD e também o CDS-PP. Matam-se uns aos outros na AR por causa de coisas de chacha e aqui, que era uma questão de centenas de milhões de euros, estão calados?".
Está na altura de todos fazermos as perguntas difíceis. Podemos começar por esta: que cumplicidades unem PS, PSD e CDS na recusa a uma comissão de inquérito sobre o caso dos submarinos?!
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