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Não chega chamá-los heróis
Todos os verões falamos deles. Todos os verões são os heróis e as heroínas que não hesitam em colocar a sua própria vida em risco para salvar os bens e a vida de outrem.
Enfrentam horas, dias e semanas de cansaço e desespero, num combate desigual, cara a cara com um inimigo diabólico que todos os anos deixa Portugal pintado de negro. E todos os verões se diz que tudo vai mudar.
Este ano, o verão foi trágico. Perderam-se vidas. Perderam-se casas, bens, animais, trabalho. Perderam-se sonhos. Houve quem perdesse tudo.
A análise foi feita, os relatórios elaborados, as conclusões são claras. É preciso atuar de forma integrada em duas frentes: na Prevenção e no Combate aos Incêndios Florestais.
Mas atuar no combate aos incêndios implica necessariamente garantir a todos os homens e mulheres que não hesitam em ir para o terreno combater este inimigo infernal, condições dignas de trabalho e o mais elementar respeito pelos seus direitos e pela sua segurança.
Ao longo desta legislatura, o Bloco de Esquerda tem desenvolvido todos os esforços para combater a inércia instalada e para colocar na ordem do dia os problemas e debilidades do sistema de Proteção Civil. Interpelamos o Governo em todas as ocasiões exigindo a agilização de processos, o reforço de meios e a dignificação do estatuto dos bombeiros e bombeiras de Portugal.
Sabemos que não podemos aspirar a um sistema de Proteção Civil eficiente enquanto o desrespeito pelos bombeiros e bombeiras de Portugal persistir.
Por isso, não baixamos os braços enquanto tivermos bombeiros e bombeiras profissionais a ganhar 557 euros por mês.
Não desistimos enquanto estes homens e mulheres receberem pensões de miséria, fruto dos salários vergonhosos, mas também do corte nas pensões de reforma, orquestrado pelo governo de direita PSD-CDS, que agora tanto se manifesta sobre o que deve ser feito e nunca fez, e que não hesitou em cortar-lhes a bonificação relativa à contagem do tempo de serviço para efeitos de reforma.
Não descansamos enquanto cada bombeiro e bombeira não tenha a segurança devida e equipamentos de proteção individual em número suficiente e dentro dos respetivos prazos de validade.
Por isso respondemos com proposta concreta, no Orçamento de Estado para 2018, aos anseios dos bombeiros profissionais da administração local naquela que é uma reivindicação com mais de 20 anos e que governos sucessivos ignoraram ou desvalorizaram.
A proposta do Bloco de Esquerda foi aprovada e em 2018, o governo terá mesmo de proceder à revisão do estatuto de pessoal dos bombeiros profissionais da administração local e garantir a uniformização das carreiras dos bombeiros sapadores e municipais.
Este foi o primeiro passo. Porque não chega chamá-los heróis.
Comentários
Em 1o lugar, gostaria de lhe
Em 1o lugar, gostaria de lhe deixar o meu obrigado pelo conseguido. Foram 20 anos de promessas. Parece que a espera chegou ao fim.
Em 2o, apenas um reparo.
O vencimento base de um bombeiro municipal de 3a (início de carreira - onde estão muitos de nós, eu incluído, desde 2002) é de 557€, ou seja, o salário mínimo nacional! A única coisa que nos deixa acima deste é o facto de termos direito a um subsídio de turno, o que nos deixa com cerca de 650€...ainda assim, aquém de um vencimento digno.
Espero que o governo compra com o aprovado em OE.
Cumprimentos
Ricardo Aparício
Bombeiro Municipal de 3a
É necessária mais pressão
É necessária mais pressão política...cada dia que passa, parece que a resolução do problema se arrasta e a solução tarda :( :(
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