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Juan Sócrates Péron
Ora, percebemos já pelas audições levadas a cabo pela Comissão de Ética como seria importante uma verdadeira comissão de inquérito, dados os poderes regimentais que possui (possibilidade de realizar reuniões à porta fechada; capacidade de encetar diligências com vista à obtenção de dados e documentos tidos como cruciais para o apuramento da verdade; dever de sigilo dos seus membros; etc.). Além do mais, ao dever chegar a conclusões, a Comissão seria obrigada a processar, seleccionar e sintetizar informação evitando, assim, muita da cacofonia patente nas mediáticas mas (na maior parte dos casos) inúteis audições da Comissão de Ética.
Opõe-se o PS porque afirma querer destrinçar justiça e política. Mas essa é a razão primeira de uma Comissão como a que o Bloco sugere, com um fim específico e determinado, completamente distinto da questão da verdade jurídica e mesmo do material das escutas.
Aliás, é o Primeiro-Ministro quem tem propositadamente confundido o plano da justiça com o da política, ao afirmar, pasme-se, que será líder do PS e governante por muito tempo porque o povo já o julgou nas urnas pelas acusações de que tem sido alvo, absolvendo-o! Mais longe ainda se situou António Vitorino no escandaloso tempo de antena que detém na RTP ao defender que as últimas eleições foram um autêntico «plebiscito» à pessoa de José Sócrates; plebiscito que este venceu. Chegamos, pois, ao núcleo-duro de um neoperonismo pré-democrático onde as eleições se sobrepõem ao sistema judicial, reduzindo-se a um escrutínio pessoal. Maior irresponsabilidade (ou desorientação?) seria impossível.
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