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Guerra civil nos Estados Unidos?
Bom, depois de ouvir propostas de nacionalização de notáveis arqui-conservadores, estamos agora a ouvir discussões sérias sobre as possibilidades de eclodir uma guerra civil nos Estados Unidos. Zbigniew Brzezinski, apóstolo da ideologia anticomunista e conselheiro de Segurança Nacional do presidente Carter, apareceu num talkshow matutino em 17 de Fevereiro, e pediram-lhe que comentasse uma menção anterior à possibilidade de eclodirem conflitos de classe nos Estados Unidos, na esteira de um colapso económico mundial.
Brzezinski disse que estava preocupado com isso devido à perspectiva de "milhões e milhões de pessoas desempregadas enfrentando apertos terríveis", pessoas que ficaram a saber "desta extraordinária riqueza que foi transferida para uns poucos indivíduos, sem precedente histórico na América."
Lembrou aos espectadores que, quando houve uma crise bancária maciça em 1907, o grande financista J.P. Morgan convidou um grupo de ricos financistas à sua casa, trancou-os na biblioteca, e não os deixou sair até que tivessem dado dinheiro para um fundo de estabilização dos bancos. Brzezinski disse: "Onde está hoje a classe endinheirada? Por que não estão a fazer alguma coisa aqueles que ganharam milhões?"
Como nada fazem voluntariamente, disse Brzezinski, "vai haver conflitos crescentes entre as classes, e se as pessoas estão desempregadas e a sofrer realmente, diabos, pode até haver motins!"
Quase simultaneamente, uma agência europeia chamada LEAP/Europe que publica boletins mensais confidenciais intitulados Global Europe Anticipation Bulletins para os seus clientes - políticos, funcionários públicos, empresários e investidores - dedicou a sua edição de Fevereiro à perturbação geopolítica global. O relatório não desenhou uma bonita imagem. Discutiu a possibilidade da guerra civil na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Previu um "tumulto generalizado" que vai conduzir a conflitos, semi-guerras civis.
Há especialistas que dão conselhos: "Se o seu país ou região é uma zona em que há disponibilidade maciça de armas, a melhor coisa a fazer é... sair da região, o mais depressa possível." O único destes países que se adequa à descrição de disponibilidade de armas em massa é os Estados Unidos. O chefe da LEAP/Europe, Franck Biancheri, observou que "há 200 milhões de armas em circulação nos Estados Unidos, e a violência social já se manifesta nos gangues." Os especialistas que escreveram o relatório afirmam que já está em curso uma emigração de americanos para a Europa, porque é onde "o perigo físico vai ser marginal".
Se Brzezinski espera pelo surgimento de outro J.P. Morgan nos Estados Unidos para forçar o bom senso da classe "endinheirada", o relatório da LEAP/Europe vê uma "última hipótese" na reunião de 2 de Abril em Londres do G20, desde que os participantes aprovem um plano "convincente e audacioso".
Estas análises não vêm de intelectuais de esquerda ou de movimentos sociais radicais. Elas expressam os temores de analistas sérios que são parte do actual establishment nos Estados Unidos e na Europa. Os tabus verbais quebram-se só quando pessoas como estas ficam realmente cheias de medo. Vale a pena quebrar tabus quando se tenta provocar uma acção rápida - o equivalente de J.P. Morgan a trancar os financistas na sua casa em 1907.
Era mais fácil em 1907.
15 de Março de 2009, Comentário nº. 253
Tradução de Luis Leiria
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