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A floresta não é só incêndios e destruição
Portugal possui uma das maiores proporções de áreas florestadas da Europa (35,4%), considerando que mais de 3,242 milhões de hectares do território estão sob coberto florestal, tendo esta diminuído durante o período 1995 a 2010, o correspondente a uma taxa de perda líquida de ‐0,3% por ano.
Em termos de emprego o sector florestal é da maior importância para Portugal gerando cerca de 100 mil empregos directos, ou seja, cerca de 4% do emprego nacional. Também o é nas exportações, com cerca de 10% das exportações de bens e 2% do valor acrescentado bruto.
Esta floresta é diversa e é composta por várias fileiras: a fileira das madeiras de serração (45,3 mil empregos, 2,6% das exportações nacionais), da pasta e do papel (10,6 mil empregos, 4,9% das exportações nacionais), da cortiça (8000 empregos e 2% das exportações), da biomassa (1724 empregos), da resina (208 empregos) e dos frutos de casca rija (0,1% das exportações). Não esquecendo todos os prestadores de serviços ligados à exploração florestal. Esta última fileira, embora de menor importância económica a nível geral, a nível regional tem um grande papel no potencial desenvolvimento equilibrado do território, especialmente em regiões economicamente desfavorecidas.
Um dos principais problemas que a floresta enfrenta é a sua própria estrutura fundiária: 84,2% da propriedade florestal é privada, 13,8% é propriedade comunitária e apenas 2% é floresta pública. Além disto, 76% da propriedade tem menos do que 5 hectares e 50% dos espaços florestais existentes estão situados em zonas sem cadastro. Este tipo de estrutura dificulta a aplicação de uma real política de prevenção e combate aos incêndios florestais e, a pragas florestais, que ameaçam não só a rentabilidade dos povoamentos florestais, mas também provocam a sua destruição.
São necessárias políticas que incentivem a gestão activa dos espaços florestais, uma gestão multifuncional com funções de proteção e produção. Esta gestão tem de ser feita com os seus proprietários, com as comunidades locais e com um movimento associativo forte para combater os problemas do sector. No momento em que vivemos, o mais importante de tudo é criar condições para termos uma boa floresta. Sem isso, andaremos a plantar para depois vermos arder.
Lembrem-se disto quando começar a época de incêndios.
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