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Exaustão
Portugal atravessa aquele querido mês de Agosto em que a tensão e a raiva são tudo o que resta antes do medo de Setembro. Porque em Setembro nada irá melhorar, e toda a gente já o percebeu. A exaustão dos de baixo, dos que perderam emprego, dos que perderam a casa, dos que desistiram da faculdade, daqueles sem meios até de emigrar, é a exaustão de um povo a quem roubaram o futuro.
Os tempos de abismo provocam sempre uma certa histeria nos jornais, uma radicalização cega das propostas. A imprensa internacional, da Economist ao Der Spiegel, publicam planos de expulsão forçada da Grécia considerando mesmo que, bom bom era expulsar já os cinco países em problemas para tratar do assunto de uma só vez (Irlanda, Portugal, Chipre, Grécia e Espanha). O radicalismo suicida desta proposta só é explicável pelo desespero de quem não vê uma única das suas posições e expectativas serem confirmadas. Como muito bem Pacheco Pereira escrevia na semana passada, os de cima sentem a sua margem de manobra a diminuir, o seu espaço para impor austeridade cada vez mais limitado e, não respondem de outra forma que não uma permanente fuga em frente num "a ver se a coisa resulta", que não resulta nem vai resultar.
A Grécia perdeu apenas este ano 6,5% da sua economia, 18% desde 2008. A Troika entregou ao governo de Samaras um novo plano de cortes de mais 5% do seu PIB, 11,5 mil milhões de euros. É uma brutalidade. Paul Thomsen considera-se satisfeito mas sabe perfeitamente que alcançar as metas orçamentais ao mesmo tempo que se reduz a economia a fanicos é tarefa impossível, eles sabem isso, sabem que o plano vai falhar de forma espetacular e contam com isso. É por isso e apenas por isso que, por enquanto, Portugal recebe boa nota da Troika. Portugal é a muleta política dos cangalheiros da austeridade. Este é o verdadeiro significado do estatuto de bom aluno que Paulo Portas tanto alega, e não vai durar. Assim que Espanha confirmar o seu pedido de intervenção externa para ativar a compra de dívida por parte do BCE, Portugal vai ser a nova Grécia. A negociação de um segundo plano de resgate a Portugal, inevitável dado o desastre orçamental de Vítor Gaspar, não vai ser mais benevolente que o segundo resgate Grego, pelo contrário.
Portugal perdeu este ano 3,3% da sua economia e falhou as metas orçamentais. Este é o resultado direto do governo de Passos Coelho. O próximo orçamento de estado irá impor novas medidas de austeridade, o segundo resgate também e, a recessão irá agravar. Se ser bem educado nos dá isto então mais vale sermos a Grécia.
Comentários
eu só espero é que quando
eu só espero é que quando este governo tiver de pedir o 2ºresgate, se demita, vocês façam todos os possíveis para os obrigar a demitir, nem que tenham de fazer 1 mês de greve geral, se eles continuam com estas medidas loucas não sei onde isto vai parar, porque nós somos os miseráveis da europa não nos podemos dar ao luxo de ter o PIB a cair tão depressa.
RECEITA DESTINADA A FALHAR.
RECEITA DESTINADA A FALHAR. Os técnicos do FMI, da UE e do BCE, que compõe a «troika» e «analistas» que os apoiaram fizeram crer que não havia senão este caminho ou então... um horror... mas qual horror? O regresso às moedas nacionais seria uma mudança dolorosa, mas que traria uma dinâmica de correcção, como a que foi trazida quando o Peso argentino descolou da paridade com o Dólar. Hoje, onze anos depois, a Argentina pagou tudo o que devia e regressou aos mercados. Mas é isto que não querem que o povo saiba, por isso nunca se discute a Argentina, nem a Islândia. Há uma cortina de silêncio destinada a fazer crer que «não existe outra saída», só a continuidade na receita. Mas esta receita falhou desde o primeiro instante (como previsto) e sem dar sinais de inversão de tendência. Contrariamente às mentiras dos políticos do «arco do poder», todos os sinais mostram o efeito deplorável da receita aqui e em todos os países sujeitos a estes planos de «salvamento».
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