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A Europa de Schrödinger
Tal como o gato da teoria de Schrödinger, a Europa atual é e simultaneamente não é uma União. É-o nominalmente mas não o é, de facto.
Podemos então imaginar que num universo paralelo exista uma Europa da solidariedade entre os povos, respeitadora da declaração universal dos direitos humanos e acolhedora de refugiados. Talvez essa agremiação, para que o absurdo seja completo e esteja nos antípodas da realidade que vivemos nesta dimensão, se designe por Desunião Europeia.
Eventualmente uma tal Desunião terá começado a funcionar bem depois da construção de um muro em Berlim, dividindo uma outrora poderosa Alemanha em duas partes, para maior equilíbrio entre nações mas não vou abusar da paciência dos leitores desenvolvendo cenários de um absurdo que não há, ou já não há, pois bem nos basta o absurdo que existe.
Voltemos então ao absurdo que tivemos e ainda temos: esta Europa contribuiu para que o Iraque fosse massivamente destruído por causa de armas de destruição massiva que não tinha. Depois disto, ajudou ainda na chacina de líbios e sírios porque os líderes líbio e sírio supostamente chacinavam seus próprios povos e mais recentemente, na Turquia, colocaram-se ao lado de um golpe que já é para reprimir um golpe que não chegou a ser.
Menos tragicamente mas ainda assim absurdo, eurocratas não eleitos limitam a soberania democrática dos países membros enquanto peroram sobre valores democráticos.
Estamos prestes a fechar o círculo mágico do absurdo: pressente-se que esta união que não é, em breve se tornará assumidamente na desunião que já foi. O único cimento presente nesta construção é o medo do futuro e esse desagrega em vez de juntar. Porque o medo não reforça a solidariedade, apenas encoraja a dispersão que se segue à gritaria do salve-se quem puder.
Se quem diz representar a UE e suas instituições não souber ou não quiser colocar um fim a este absurdo, será esse absurdo a acabar com a UE. Porque até para o absurdo há um limite e quem o alimenta está muito próximo de o encontrar.
Comentários
A postagem refere-se tanto à
A postagem refere-se tanto à U.E. quanto aos EUA Não vamos negar que Erdogan foi "eleito democráticamente", como é o argumento principal da U.E. depois de assegurar-se que o golpe havia falhado, Mas É cada vez mais visível o acobertamento que a U.E. faz, não só das medidas após e decorrentes do golpe, sendo a aplicação da pena capital a "linha vermelha", ou mesmo durante a covarde repressão aos soldados rebeldes já presos ( com imagens divulgadas em todas as redes sociais ), como se tudo isso fosse justificável por um governo "eleito democráticamente". Não é por tratar-se do Bloco, mas a nota emitida hoje diz tudo, se a U.E. emudeceu, ainda é tempo de demonstrar a mínima indignação que seja quer com a rutura de todos os acordos internacionais com as autoridades de Ancara, como proposto pelo Bloco, quer com uma nota de repúdio - ou só é ditador quem eles classificam : Muammar al-Gaddafi, Saddam Hussein e Bashar al-Assad ? E por que não dizer novamente qual a função da ONU ? Tendo em vista agora os apelos contra o bombardeio de civis pela França ?
Realmente o absurdo que tivemos e ainda temos
não respeitar-se mais absolutamente nada
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