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Estudantes de Coimbra: saída em ombros

O sinal que os estudantes da Universidade de Coimbra deram ilumina o caminho que temos de percorrer e que terá como meta imediata o fim do financiamento público da tauromaquia.

A decisão de terminar com a garraiada vai ao encontro de um consenso cada vez maior de serem dispensáveis os lamentáveis espetáculos tauromáquicos.

O sofrimento causado aos animais (sendo falso que só com mortes é que há sofrimento) e a preocupação pelo bem-estar animal ganham cada vez mais terreno em todo o mundo, sendo que apenas 8 países consideram legal a tauromaquia.

À violência física e emocional que a tauromaquia provoca nos animais, junta-se a preocupação que devemos ter com o sinal que damos quando festejamos acontecimentos onde se maltratam animais gratuitamente. A este respeito, o Comité dos Direitos das Crianças da ONU interpelou Portugal por estar preocupado com o bem-estar mental e emocional das crianças enquanto espetadores que são expostas à violência das touradas.

O sinal que os estudantes da Universidade de Coimbra deram ilumina o caminho que temos de percorrer e que terá como meta imediata o fim do financiamento público da tauromaquia, única fonte de financiamento relevante desta atividade. Pena é que, neste processo, tenham vindo ao de cima velhos tiques antidemocráticos de uma direita saudosista que mostra conviver mal com as decisões democráticas prometendo manter a garraiada contra a decisão dos estudantes.

Ao contrário de Assunção Cristas, os estudantes da Universidade de Coimbra não precisaram de pensar “muito, muito” sobre maus tratos a animais, nem viam a garraiada como um bailado – consta que o Baile de Gala está para ficar. Só podemos agradecer-lhes esta decisão; também beneficiamos dela.


Artigo publicado no diário As Beiras, 18 de março de 2018.

Sobre o/a autor(a)

Deputado Municipal do Bloco em Lisboa. Advogado. Licenciado em Direito e mestre em Ciências Jurídico–Criminais
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