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Este Governo tem minoria absoluta

Estamos sem Governo. Sem Governo com capacidade de governar. Não tem confiança de ninguém, nem dos mercados que tanto defendem.

Ao contrário do que alguns tecnocratas defendem na televisão, este Governo não caiu por dentro. Esta coligação destruiu-se porque a pressão popular que se sentiu nas ruas, a greve vencedora dos professores, a Greve Geral extraordinária, os protestos anti-troika, fragilizaram o Governo e Paulo Portas, como sempre gostou de fazer, quis saltar do barco antes de perder o seu eleitorado e a direita percebeu que hoje tem um objetivo em comum – austeridade – e várias burguesias para defender.

O problema da austeridade é um problema europeu que se combate em todos os países e só uma Esquerda anti-capitalista organizada e europeísta terá a capacidade de combater o fanatismo liberal que invadiu a Europa e os seus órgãos.

Os apaixonados pela austeridade invadiram as cadeiras de todos os telejornais e programas de comentário político para nos dizer: o desastre do hipotético fim do namoro entre Portas e Passos é a confiança que fomos ganhando nos últimos dois anos e agora deitamos tudo por terra e os “mercados” desconfiam de todos nós.

Os “mercados” não desconfiam de nós. Os agiotas, que todos os dias ganham milhões com a dívida portuguesa, tiveram medo que o Governo que lhes entrega o dinheiro dos contribuintes em juros da dívida caísse e umas futuras novas eleições pusessem em causa o acordo da Troika e o “rendimento máximo garantido” acabasse para a banca privada.

Até ao final do dia de Sábado decorre, na cidade do Porto, a Universidade da Esquerda Europeia. Discute-se a dívida, a austeridade e a saída dela, o feminismo, a função de um partido de esquerda, movimento estudantil, eco socialismo, urbanismo, experiências autárquicas, direitos LGBT. São espaços onde se pode e deve ensaiar a reviravolta que estes povos de esquerda de toda a Europa anseiam.

Sobre o/a autor(a)

Museólogo. Investigador no Centro de Estudos Transdisciplinares “Cultura, Espaço e Memória”, Universidade do Porto
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