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Esse voto chama-se Decisão

Última semana de campanha e já se sabe como ficarão gastas as palavras “maioria absoluta”. Já não há pachorra! É a chantagem de quem quer o poder absoluto, custe o que custar.

A poucos dias das eleições, saíram da gaveta as táticas já estafadas e os guiões gastos do passado. O cliché da última semana de campanha é o fanatismo em torno das maiorias absolutas. É uma forma vintage de fazer campanha e mostra a incapacidade de inovação dos partidos do centrão: foi sempre assim em todas as eleições legislativas recentes. Última semana de campanha e já se sabe como ficarão gastas as palavras “maioria absoluta”. Já não há pachorra! É a chantagem de quem quer o poder absoluto, custe o que custar.

A primeira conclusão óbvia é que esta competição entre os partidos do centrão para ver quem canta mais de galo não tem qualquer relação com a realidade. Não haverá nenhuma maioria absoluta nas próximas eleições, já está a ficar claro. Mais, PSD e CDS não terão a maioria dos assentos parlamentares. Não teremos uma maioria de direita no parlamento.

Este é o ponto de partida mais sério para nos perguntarmos, então, em quem votar. O que queremos fazer com o nosso voto?

No próximo domingo, não estaremos a escolher entre primeiro-ministros, estaremos a escolher deputados e deputadas da Assembleia da República. Não havendo maioria absoluta, é no parlamento que se decidirá a base de apoio do novo governo. É essa a decisão que teremos de tomar: quem são as deputadas e os deputados que melhor defenderão os nossos interesses e que poderão guiar a ação do próximo governo? Com a direita em minoria no parlamento, a força da esquerda será fundamental na próxima governação. É essa a grande conclusão deste período eleitoral.

E aí eu pergunto-te se vais votar por ti e pelos teus ou se vais votar contra ti?

Vais votar em Passos e Portas, para cortar salários e continuar a austeridade? Vais perdoar e deixar que passem impunes ao mal que te fizeram ao longo dos últimos quatro anos?

Ou vais votar em António Costa, para que o teu voto possa ser utilizado para congelar pensões e facilitar os despedimentos? Vais votar contra ti?

O teu voto decide, escolhe as políticas, distingue o essencial, define o futuro. Votar por uma economia justa com um estado social forte, por emprego com direitos e salário digno, pelo combate à precariedade, pelo ataque à corrupção, por direitos individuais por inteiro e pelo fim dos preconceitos. Esse voto numa esquerda determinada, numa esquerda responsável, numa esquerda que existe por e para as pessoas, esse voto é por ti. Esse voto chama-se Decisão. Esse é o voto no Bloco de Esquerda.

Artigo publicado em tsf.pt, em 28 de setembro de 2015

Sobre o/a autor(a)

Deputado, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, matemático.
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