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Anti-FMI

O tema marcante das últimas semanas da campanha eleitoral é o debate sobre uma intervenção do FMI.

Mais uma vez, Alegre disse ao que vinha, sem rodeios ou meias palavras. Em coerência com tudo o que tem dito sobre o Estado Social, a política de austeridade, a prioridade ao emprego e a refundação da Europa, o candidato situou o confronto político do momento. Entre quem aceita que o FMI possa ser uma solução (mesmo que de fim de linha) e quem considera que será sempre um agravamento do problema. Essa clareza ganha mérito no contexto de absoluta hipocrisia em que este assunto tem sido debatido.

O Partido Socialista tem-se dedicado a um enorme exercício contra a memória. O Partido que aprovou todos os tratados que desenharam o actual quadro institucional, criaram o BCE autónomo, extinguiram a política monetária e a política orçamental nacional sem criar uma europeia, e proibiram na prática a harmonização fiscal, fê-lo frequentemente em contexto de total hegemonia no contexto político europeu. E acusou (e continua a acusar) de anti-europeísmo todos os que se opunham a uma Europa com uma integração assimétrica para agravar as assimetrias. Hoje, o País paga o preço das escolhas europeias e nacionais da família socialista e o Partido Socialista fala contra algumas das regras fundamentais que aprovou, como se a História não existisse.

Já a Direita tem um plano. Esse plano passa por conseguir, num cenário em que o desespero e o medo favoreçam a passividade social, a melhor correlação de forças que alguma teve neste país. Presidente, Governo, Maioria Absoluta e ainda um agente externo para assumir as responsabilidades e apanhar com as culpas. Com a habitual sofreguidão que assalta os seus dirigentes e comentadores sempre que cheira a poder, a Direita não só não conseguiu disfarçar a ansiedade, como trabalhou (e trabalha) activamente para fazer da vinda do FMI uma profecia que se cumpra a si mesma.

O confronto que hoje travamos é o ponto a que nos trouxe a política do Bloco Central. É por isso que é tão importante ter um candidato nestas eleições presidenciais que possa unir todos aqueles que, apesar das suas diferenças, querem travar esse confronto com a política do costume. Só esses estão empenhados na campanha de Alegre, e com boas razões. A força que esta candidatura conseguir reunir é o primeiro passo para um dos combates políticos mais importantes desde que temos Democracia. Aconteça o que acontecer no Domingo, a luta segue dentro de momentos...

Sobre o/a autor(a)

Eurodeputado e economista.
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