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Amianto: essa mancha indelével

Foi há quase ano e meio, mas parece que foi ontem. Pais, alunos professores e funcionários de escolas de norte a sul do país saíam à rua para protestar contra as péssimas condições dos respetivos equipamentos escolares.

Foi há quase ano e meio, mas parece que foi ontem. Pouco passava do início do ano letivo. Pais, alunos professores e funcionários de escolas de norte a sul do país, de Loures ao Seixal, de Queluz a Sintra, Coimbra ou Amarante saíam à rua para protestar contra as péssimas condições dos respetivos equipamentos escolares.

Estabelecimentos degradados, deteriorados, muitos deles sem nunca conhecer obras de requalificação, a grande maioria contendo amianto, material cancerígeno e potencialmente fatal, que entrava definitivamente no léxico dos portugueses. Do Ministro da Educação, poucas palavras, nenhuma resposta. Zero.

Ano e meio depois, está quase tudo na mesma, quase tudo por fazer. Novidade, só mesmo o facto da DGEstE ter sido “obrigada” a admitir que não possui qualquer lista atualizada de escolas com amianto.

Pais, alunos, professores, funcionários, indignam-se perante o que lhes é apresentado como fatalidade: obras em escolas só com candidaturas a fundos comunitários. Se aprovadas, quando aprovadas.

Para remover amianto, no OE 2020, o ministro Centeno liberta uns “generosos” 20 milhões, ao abrigo de um fundo ao qual as escolas “proactivamente” terão de se candidatar e esperar que sobre alguma verba da já anunciada para remover amianto dos tribunais, decretados prioridade pelo poderoso lóbi da Justiça.

Para trás, fica toda uma comunidade educativa em sobressalto, sem respostas, sem prazos nem perspetivas. Lá fora, em Espanha ou em Bruxelas, o amianto em Portugal vai começando a ser assunto nos jornais e corredores das instituições comunitárias. Uma mancha no país do turismo, no paraíso de Centeno, no El Dorado de Costa. Uma mancha indelével no futuro de muitos. Demasiados.

Artigo publicado no “Jornal de Notícias” a 4 de março de 2020

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