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“Um outro Mundo começa aqui”

“Um outro Mundo começa aqui” foi a frase que decidimos colocar na entrada do Acampamento, porque a génese do Liberdade é que se construa um mundo novo naqueles cinco dias e que essa vontade de mudar prevaleça quando voltarmos à nossa vida.

As estórias das histórias de um ano de ativismos, lutas, combates e debates, ideias e contra-ideias, projetos e reflexões confluem no Liberdade. E este foi especial, comemorámos o X Acampamento do Bloco de Esquerda. Por aqui passaram gerações de ativistas que, de corpo e alma, montaram e desmontaram o Acampamento. É com prazer que digo que cada vez mais gente se junta todos os anos, que o Liberdade representa para tantos e tantas, o momento em que rasgam o preconceito de que os políticos são todos iguais e participam num espaço de discussão política.

A responsabilidade de um partido de esquerda radical é apresentar uma proposta popular, credível e combativa que saiba desmontar o populismo que existe, tanto à esquerda como à direita. A crise representa, para quem se quer aproveitar dela, um momento de enganar as pessoas e vender o discurso de que os partidos são todos iguais e os deputados vivem de negociatas que fazem na Assembleia da República.

Este acampamento é auto-gerido, onde quem participa tem direitos e deveres e entende que ele só funciona se cada um tiver uma atitude pró-ativa na construção de um espaço democrático onde há espaço para toda a gente.

Quisemos pôr em causa o senso comum e fizemo-lo com ações, provando que é possível um mundo mais justo e solidário, sem troikas, FMIs e discursos austeritários.

As eleições autárquicas estão aí e não quisemos esquecer o papel que os estudantes e os setores mais jovens da sociedade representam na mudança de paradigma nos governos locais por uma política de esquerda – porque queremos combater os “dinossauros” locais e revirar as câmaras e freguesias ao serviço do povo.

A energia nuclear, o conservadorismo que ainda assola a esquerda, a crise da dívida e o euro, o nacionalismo, as prisões, os ciganos e a exclusão social, a adoção por casais homossexuais, o trabalho sexual, a educação e o ativismo estudantil, o capitalismo e os media, legalização das drogas ocuparam os painéis

Deste Acampamento saímos com uma certeza: uma vontade de rasgar o memorando da troika, reestruturar a dívida e expulsar o FMI de Portugal e da Europa. Ensaiamos aqui um Governo de Esquerda e queremos que ela seja realidade nacional e que se estenda a toda a Europa que se vê mergulhada na ganância da especulação. Não queremos um memorando soft nem uma renegociação dos juros da dívida, só.

Nós queremos uma mão cheia de revoluções e fazemo-lo com todos que se sintam oprimidos por este sistema.

Sobre o/a autor(a)

Museólogo. Investigador no Centro de Estudos Transdisciplinares “Cultura, Espaço e Memória”, Universidade do Porto
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