Mark Twain morreu há cem anos

21 de abril 2010 - 16:59

Esta quarta-feira assinala-se o centenário da morte de Mark Twain (1835-1910), grande escritor norte-americano, que foi também um feroz opositor do então nascente imperialismo dos EUA.

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Mark TwainEsta quarta-feira assinala-se o centenário da morte de Mark Twain (1835-1910), grande escritor norte-americano, que foi também um feroz opositor do então nascente imperialismo dos EUA.

Mark Twain é mundialmente famoso pelos seus romances, como "As aventuras de Tom Sawyer" ou "As aventuras de Huckelberry Finn"; há porém uma faceta não menos importante mas menos conhecida do grande escritor: o seu activismo anti-imperialista.

"Eu sou anti-imperialista", dizia Twain, "e nunca aceitarei que a águia imperial pose as suas garras em nenhum país estrangeiro".

Seria com esta ideia que viria ao mundo em 1898 a Liga Anti-imperialista dos Estados Unidos, fundada em Boston com a aspiração básica de combater e denunciar as implicações da Guerra cubano-hispano-norte-americana desse ano. A Liga dedicou-se, até à sua dissolução em 1921, à organização de actividades políticas, à publicação de panfletos e artigos para denunciar o violento contraste que havia entre os objectivos e ideais que tinham motivado a Guerra Civil norte-americana, e os desmandos expansionistas e colonialistas que caracterizavam agora a Grande República, como gostava Mark Twain de chamar ao seu país.

Twain foi vice-presidente da Liga Anti-imperialista. Durante a sua administração foi possível fundar outras sucursais em diversos estados da união. Com jornais e revistas próprias, estas sucursais procuraram ganhar o apoio à Revolução Russa de 1905, e denunciaram os actos imperialistas na China, no Congo e nas Filipinas.

Mas a acção da Liga teve como alvo preferencial as intervenções imperialistas do seu próprio país.

Em 1898, os Estados Unidos travaram e venceram a guerra hispano-americana, que levou a Espanha a entregar as suas possessões no Pacífico. Ao contrário da sua anunciada intenção inicial, o presidente americano McKinley decidiu manter essas possessões, em vez de apoiar a sua independência. Os filipinos resistiram ao domínio dos EUA, e começou assim a guerra filipino-americana que encontrou em Mark Twain um fiel opositor.

"Quanto à bandeira da província filipina", escreveu Twain, "é um problema de fácil solução. Faremos uma bandeira especial - como já fazem os estados: será igual à nossa bandeira, com as listas brancas tingidas de preto e as estrelas substituídas pelo crânio e as tíbias cruzadas."

Leia no próximo domingo na secção Biblioteca no Esquerda.net o conto "Sorte" de Mark Twain.