Está aqui

Ada Colau: “Barcelona e Madrid podem ser eixo de revolução democrática no Sul da Europa”

A vencedora das municipais em Barcelona diz que “só nos devem temer os corruptos e os especuladores”. E promete convocar os bancos para assumirem responsabilidades e acabarem com os despejos das famílias com prestações em atraso.
Foto: Fernanda LeMarie - Cancillería del Ecuador/Flicr

Em entrevista ao diário catalão El Periódico, Ada Colau diz confiar que Manuela Carmena seja indicada para liderar a Câmara de Madrid e assim “consolidar não apenas um eixo social, mas também de revolução democrática que está em marcha em Barcelona, na Catalunha, no Estado, no Sul da Europa, e espero que ainda mais longe”.

No caso de Barcelona, Ada Colau reconhece que as negociações para o próximo mandato não tornam possível o cumprimento de todo o programa eleitoral, embora “haja muitas coincidências programáticas” entre as listas de esquerda que farão parte do futuro executivo. Sobre o possível temor da burguesia de Barcelona em relação ao seu programa, a nova ‘alcaldesa’ responde que “nós nos devem temer os corruptos e os especuladores que queiram violar direitos e não pagar impostos”.

A ativista antidespejos que ganhou as eleições em Barcelona promete ainda fazer tudo para os impedir. “Convocarei as entidades financeiras. É obrigação da Câmara interpelar essas entidades para que respondam a uma situação de emergência”, convertendo as hipotecas em aluguer a preço social. “Podemos sancionar as entidades financeiras que têm andares vazios, coisa que Barcelona ainda não faz”, acrescenta Ada Colau. “Terei todo o prazer em colaborar com os bancos, se eles colaborarem com Barcelona”, conclui.

Nesta entrevista, Colau responde a problemas concretos da cidade, como a “invasão do turismo”. Colau quer “evitar guetos que afastem os moradores, como acontece no centro histórico”, e promete introduzir uma moratória a novas licenças e a fiscalização apertada de todos os alojamentos turísticos para “combater a ilegalidade e incentivar o legal”. Para a nova ‘alcaldesa’ de Barcelona, as taxas do turismo devem reverter para os bairros mais afetados pelo turismo de massas. “Mas sobretudo deve haver um plano estratégico que ouça os moradores e moradoras. Isso nunca foi feito”, assinala.

A ativista antidespejos que ganhou as eleições em Barcelona promete ainda fazer tudo para impedir que eles se repitam. “Convocarei as entidades financeiras. É obrigação da Câmara interpelar essas entidades para que respondam a uma situação de emergência”, convertendo as hipotecas em aluguer a preço social. “Podemos sancionar as entidades financeiras que têm andares vazios, coisa que Barcelona ainda não faz”, acrescenta Ada Colau. “Terei todo o prazer em colaborar com os bancos, se eles colaborarem com Barcelona”, conclui.

“O nosso salário será de 2200 euros limpos”

Questionada sobre se mantém a vontade de ir liderar Barcelona a ganhar metade do salário de alguns técnicos sob as suas ordens, Ada Colau confirmou que os vereadores eleitos da lista Barcelona en Comú vão cobrar 2200 euros limpos, e que irá propor uma atitude semelhante aos eleitos dos partidos com quem irá fazer maioria no executivo. “Os cargos eleitos têm de o ser por vocação. Com um salário digno. Nesta cidade, metade das pessoas ganha 1000 euros ou menos. É a altura de dar o exemplo”, justifica.

A nova autarca de Barcelona pretende ainda continuar a utilizar os transportes públicos tanto quanto possível e melhorar a sua oferta na cidade. A aposta na bicicleta como modo de transporte e a racionalização do uso do automóvel são outras das marcas do programa que a elegeu.

Colau anunciou nesta entrevista que irá rever o subsídio municipal ao Grande Prémio de Fórmula 1, por lhe parecer mais prioritário “atribuir 4500 bolsas-alimentação que não foram atribuídas. Achamos bem que se faça essa competição, que já se fazia no passado sem que a Câmara desse subsídios”, recorda. E referindo-se ao caso das obras sem licença da Sagrada Família, o grande destino do turismo religioso na capital catalã, Ada Colau diz que não compreeende que um pequeno comerciante tenha de pagar todos os impostos e “um grande proprietário como a Igreja Católica tenha isenção fiscal e não precise de licença para fazer obras. Isto é inadmissível numa cidade democrática”.
 

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Internacional
(...)