O protesto organizado pela Confederação vem responder ao "plano de ajuste" do governo italiano, repetidamente descrito pela CGLI como "injusto e errado": “O governo aprovou uma medida injusta, desigual e com as escolhas que deprimem mais e mais a economia”, diz a central sindical no panfleto que convoca a greve geral, anunciada em conferência de imprensa no passado dia 17 de Junho.
O plano está “errado” porque não existem medidas de apoio ao emprego e crescimento económico, dizem os sindicatos, e é “desigual” porque divide o país fazendo recair diferentemente o custo do ajuste sobre funcionários públicos e privados, regiões, autoridades locais e sobre os cidadãos mais vulneráveis.
O governo de Berlusconi optou pelo "Collegato lavoro" que, segundo a CGLI, “apenas sacrifica os trabalhadores tanto públicos como privados, os precários e os aposentados”. O plano governamental impulsionado e defendido pelo FMI e por Bruxelas, prevê um corte nos gastos públicos na ordem dos 24.900 milhões de euros durante os próximos anos.
Berlusconi prepara-se para aprovar um plano de austeridade que prevê cortes no investimento regional e científico (cerca de 40%), congelamento de salários na função pública em geral e redução dos vencimentos dos juízes e dos médicos, dispensa metade dos trabalhadores precários do sector público, impede durante um ano os pedidos de reforma e estabelece que, em 2012, as funcionárias públicas verão a idade da reforma fixada nos 65 anos, baseando-se num critério sexista para limitar o direito à aposentação.
A meta do governo italiano é reduzir o défice real de 5,3% para 2,7% em 2012. A Itália vem arrastando uma gigantesca dívida pública, correspondente a 116% do PIB, mas a sua notação de crédito é melhor do que a de países como Espanha, Grécia ou Portugal, graças principalmente à sua pequena dívida privada. Em 2009, o PIB italiano contraiu 5,1%, o seu menor número desde 1971, mas no primeiro trimestre de 2010, a economia cresceu 0,5%, à frente da União Europeia.
Sindicatos e oposição concordam que o plano de austeridade penaliza as classes mais baixas e é condescendente com grandes fortunas, a corrupção, a economia ilegal ou evasão fiscal que escondem do Tesouro, anualmente, 120 mil milhões de euros.
"Não à manobra do governo"
Os sindicatos têm insistido na necessidade de um plano para incentivar o crescimento e que peça o contributo de todos equitativamente, incidindo no imposto sobre as grandes fortunas e na luta contra a evasão fiscal.
A CGIL reclama pela necessidade de uma verdadeira política industrial, colocando a prioridade na defesa do emprego, crescimento e desenvolvimento e propõe um "plano especial de trabalho" com base em no investimento público e nas contribuições da nova geração em sectores estratégicos da economia, educação e investigação.
Os sindicatos irão tentar uma mobilização geral da população e sairão à rua no dia 25 de Junho tendo com mote do protesto: “Tudo sobre os nossos ombros? NÂO!”.