A passagem de poderes "provisória" anunciada em Cuba em Julho de 2006 tem todas as hipóteses de durar. A era pós Fidel Castro já começou. Mesmo que Raul Castro, irmão do fundador do regime revolucionário, seja designado como garante da continuidade institucional, uma verdadeira substituição de gerações é inevitável a curto prazo. Face às graves dificuldades do desenvolvimento económico, face às desigualdades e à corrupção, face enfim à ameaça sempre real de uma ingerência norte-americana, a futura direcção terá dificuldade em demonstrar a sua legitimidade. O carisma paternalista do líder histórico já não é moda. Mas como será possível inventar um paradigma institucional mais democrático conservando o que resta das conquistas sociais? Para Janette Habel, especialista francesa do sistema político cubano, os riscos que corre a direcção pós-castrista estão longe de ser negligenciáveis.
Artigo de Janette Habel (*) publicado em Risal