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Troika e Governo insistem em facilitar despedimentos individuais

Na agenda ideológica contra o trabalho continua-se a desequilibrar a relação de forças cada vez mais a favor das empresas e do patronato.

Bruxelas vai avisando que a austeridade e os cortes são para continuar, mesmo depois do “pós-troika” de Maio. Agora, para cumprirem o défice que impuseram para 2014, querem cortes de mais de 4,1 mil milhões de euros e já vão avisando que é necessário mais de 2 mil milhões de euros para se cumprir o défice de 2,5% em 2015.

Nesta estratégia austeritária de diminuir o peso do trabalho na sociedade e os seus custos, rebaixa-se salários diretos e indiretos, embaratece-se os despedimentos, precariza-se e empobrece-se o trabalho.

Nesta agenda ideológica contra o trabalho continua-se a desequilibrar a relação de forças cada vez mais a favor das empresas e do patronato. As alterações ao Código de Trabalho de 2012 vêm nesta senda e segundo o “Observatório sobre Crises e Alternativas” houve uma transferência do trabalho para o capital de 725 milhões de euros enquanto as empresas pouparam ou deixaram de pagar aos trabalhadores até 2,2 mil milhões de euros.

Por recurso do Bloco de Esquerda e do PCP, veio o tribunal constitucional a chumbar normas de enorme importância, como os “critérios para despedir” e o “posto de trabalho compatível” ao trabalhador, voltando agora o governo a tentar “corrigir” as normas consideradas inconstitucionais do Código do Trabalho onde passam a ser cinco os novos critérios de escolha num despedimento por extinção do posto de trabalho. Os critérios seguem uma hierarquia e a avaliação de desempenho surge no topo da lista.

Os cinco critérios são 1.Pior avaliação do desempenho; 2.Menores habilitações; 3.Maior onerosidade do vínculo laboral; 4.Menor experiência profissional; 5.Menor antiguidade na empresa

A avaliação do desempenho passa a ser o principal critério de despedimento, seguindo-se as habilitações, a onerosidade do vínculo laboral, a experiência profissional e a antiguidade na empresa.

Relembre-se que atualmente, num despedimento por extinção de posto de trabalho, os trabalhadores com menor antiguidade são os primeiros a serem escolhidos.

A subjetividade e a ambiguidade marcam esta nova proposta do governo, amiga das empresas e do patronato, mas que por certo terá do tribunal constitucional a mesma resposta – o seu chumbo.

Em agenda, anuncia-se nova ofensiva contra o trabalho, como o aprofundamento das dificuldades de recurso para os tribunais em caso de despedimento, contratação coletiva, entre outras.

Uma agenda que tem de ter uma resposta forte de luta da sociedade.

Sobre o/a autor(a)

Deputado municipal em Lisboa. Dirigente do Bloco de Esquerda.
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