O ministro Poiares Maduro veio hoje deturpar as críticas do Bloco de Esquerda à política do governo de atribuição de vistos gold a grandes investidores estrangeiros e o alerta lançado face aos riscos dessas autorizações de residência serem um convite à instalação em Portugal de burlões internacionais como aconteceu recentemente com um cidadão chinês, a quem o governo português concedeu um visto de residência e que, veio agora a saber-se, era procurado pela Interpol, acusado da prática de vários crimes económicos e financeiros.
Este programa, da responsabilidade do ministro Paulo Portas e agora tão apressada e atabalhoadamente defendido por Poiares Maduro, pela forma como foi desenhado e está a ser implementado, propicia que o crime económico e as máfias internacionais procurem Portugal para aqui se instalarem, legalizarem a sua situação e procederem à lavagem de dinheiro obtido de forma ilícita e criminosa.
O programa de vistos gold está direcionado para captar investimentos de imigrantes ricos e está direcionado para a especulação imobiliária e financeira, sem qualquer benefício para o investimento reprodutivo na economia nacional. Portugal dispensa mais especulação imobiliária e financeira, já a temos em excesso e com grandes prejuízos quer para as contas públicas quer para o desenvolvimento nacional. Criticar e denunciar este programa não se confunde nem é um juízo sobre a comunidade imigrante. É sim um juízo sobre o governo de Poiares Maduro.
Basta olhar para o elevadíssimo número de imigrantes que têm deixado Portugal e para a degradação das condições em que muitos outros imigrantes vivem atualmente no nosso país para percebermos que não é a defesa da comunidade imigrante que move o ministro Poiares Maduro mas sim a defesa do seu governo e da figura do dr. Paulo Portas. Alertar e combater o crime económico não é nem se pode confundir com qualquer juízo sobre a comunidade imigrante em Portugal que sempre encontrou no BE uma voz coerente e determinada na afirmação e defesa dos seus direitos.
Melhor faria Poiares Maduro em reservar a sua energia e o seu tempo, não para atacar gratuitamente o Bloco de Esquerda nem tentar ludibriar e confundir a opinião pública, mas para convencer os seus pares europeus a ter uma política de imigração decente que pusesse cobro, de uma vez por todas, às tragédias que se vão sucedendo em Lampedusa e que são responsáveis pela morte de milhares de imigrantes que procuram no continente europeu o trabalho e a sobrevivência que não encontram na sua terra natal.
Artigo publicado na página de João Semedo no facebook