José Soeiro

José Soeiro

Dirigente do Bloco de Esquerda, sociólogo.

A ideia de que uma pessoa de 16 anos deve ser tratada como cidadã pelo fisco, pelo patrão e pelas forças armadas, mas que não o seja aos olhos da democracia é, essa sim, de um insuportável paternalismo.

Numa crua etnografia visual, o desejo libertário e os espaços de liberdade conviviam já, nesse período pós-Stonewall, com a sida, o medo, a doença, os parentescos de cuidados retratados nos pequenos gestos e fundamentais presenças, em comunidades de afinidade afetiva.

A ministra anunciou, na sua entoação habitual, mais uma medida “poderosa” no âmbito da sua “Agenda”! Ia finalmente mexer-se nas compensações por despedimento. Repondo os 30 dias que havia antes da troika? Nem pensar. O que não se imaginou foi o episódio desta semana

O PR, o Presidente da AR e o Primeiro-Ministro já anunciaram, também, que pretendem ir ao Qatar para estarem presentes nos jogos do Mundial em que a seleção portuguesa participa. Sem uma palavra crítica ou de condenação das violações de direitos humanos na organização do Mundial.

O simbolismo desta Cimeira do Clima ser no Egito é duplo. Por um lado, a realização da COP no continente africano chama justamente a atenção para a urgência deste pacto de “Perdas e Danos” entre os países mais ricos e o Sul Global. Por outro, a escolha do Egito é altamente problemática.

Quem pensa com base nas narrativas da extrema-direita brasileira perde facilmente o fio democrático da discussão. É o que sucede a tantas figuras da direita, que hesitam em reconhecer o óbvio. E explica o sonoro silêncio da Iniciativa Liberal.

Não admira que o dono de uma empresa com centenas de trabalhadores defenda estas posições. O estranho é que as tenha querido fazer passar como representando os interesses dos “estafetas”.

Contração dos rendimentos, desvalorização do Parlamento, substituição do diálogo com os partidos de esquerda pelos “acordos de regime” com o PSD, os patrões e a UGT, exibidos como caução de uma paz social duradoura.

De 2019 para 2020, o número de pessoas em risco de pobreza aumentou 12,5% e aumentou também a desigualdade na distribuição do rendimento. Se há pessoas e redes antipobreza, também há muitos inimigos do combate à pobreza.

Atualizar as pensões pela lei de Vieira da Silva não fazia “perder 13 anos de vida ao sistema”. Essa justificação era mentira e, ao utilizá-la, o Governo sabia que estava a falsear o debate. O relatório do Orçamento traz agora os números reais e comprova que o documento de há três semanas era uma fraude.