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PSD/Lisboa e o ataque aos direitos dos trabalhadores

Lisboa não pode continuar num rumo de inação e não ter infraestruturas adequadas à carga de resíduos que tem. E sim, essa responsabilidade é do executivo. Só podemos exigir que a cumpra, a bem da cidade e de quem cá mora, trabalha e visita.

Nos últimos meses, o debate na cidade sobre as falhas na limpeza e higiene urbana tem dado lugar a muitos posicionamentos. Sendo uma função crucial em qualquer autarquia, ela tem uma grande dimensão na cidade de Lisboa. O bem estar do dia a dia de quem habita e usufrui da cidade passa pelas condições de higiene da mesma, e é inegável que há mais lixo e que o cheiro em algumas ruas se tem tornado insuportável.

Há, portanto, um problema que está identificado. Mas olhamos para as justificações do PSD Lisboa, no executivo, e não colam com a realidade. Em sucessivos ataques aos trabalhadores, o PSD na Assembleia Municipal tem tentado justificar os atrasos na recolha de lixo com o exercício de direitos fundamentais como greves ou plenários de trabalhadores.

Aliás, no dia 13 de setembro, assistimos a mais um momento surreal por parte do representante do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa, Luís Newton, sobre esta matéria. O que ficamos a saber é que o PSD não se quer responsabilizar pela situação que afeta toda a cidade e seus habitantes. Mas também ficamos a saber que o PSD não compreendeu ainda bem o que são direitos laborais.

Além de querer justificar um problema que está a ser constante no tempo com a realização de plenários de trabalhadores e greves, ataca direitos dos mais elementares da organização de trabalhadores. Só faltou dizer que os plenários e greves se deveriam fazer nos dias de folga ou de férias, tal foi o vociferar de ataques a quem nunca deixou de trabalhar, mesmo nos momentos de pandemia, por exemplo, e que, legitimamente, tem lutado por melhores condições de trabalho e salariais.

Temos assistido a muito por parte da direita em Lisboa para justificar a inoperância em muitas matérias, mas passar para o insulto a centenas de trabalhadores para justificar os seus erros é inaceitável. O que o executivo não quer admitir são factos simples: a falta de trabalhadores, a pressão do turismo na criação de resíduos que está em níveis altíssimos sem que se tenham aumentado os meios de recolha, as verbas transferidas para as juntas de freguesia tiveram meses de atraso.

A pressão do turismo não é, neste contexto, de escamotear. Dados nacionais apontam para um verão em níveis que só se esperavam para 2023, o que nos indica o grau de pressão a que as estruturas da cidade estão sujeitas.

Se já eram precisos mais trabalhadores antes do boom do turismo, porque não se acautelou isso? Porque não se têm acautelado as reivindicações laborais justas destes trabalhadores essenciais? Continuamos sem resposta, a não ser que os plenários de trabalhadores é que provocam todo este caos. Nada mais insultuoso para quem trabalha, nada mais fora da realidade.

Temos já, em algumas zonas da cidade, iniciativas da população para limpar as ruas. Compreende-se a preocupação das pessoas, mas é mais um sinal de desresponsabilização e inação do executivo. Várias juntas de freguesia já disseram que as verbas que têm são insuficientes para o grau de limpeza que precisam de efetuar, os concursos da CML para entrada de pessoal tardam, a melhoria das condições de trabalho e salariais não chegam.

Lisboa não pode continuar num rumo de inação e não ter infraestruturas adequadas à carga de resíduos que tem. E sim, essa responsabilidade é do executivo. Só podemos exigir que a cumpra, a bem da cidade e de quem cá mora, trabalha e visita.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Licenciada em Ciências Políticas e Relações Internacionais e mestranda em Ciências Políticas
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