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A paz nas mãos dos povos

Na atualidade, a NATO é a organização militar mais agressiva e mais inimiga dos povos, não só europeus, mas à escala global. Basta ver o novo conceito estratégico aprovado no Cimeira de Madrid, apostando numa lógica de confrontação com outras potências.

A invasão e a guerra na Ucrânia empreendidas pela Rússia estão a provocar profundas mudanças na geopolítica e no panorama internacional, com particular intensidade na Europa. Se é verdade que o imperialismo norte-americano é o mais forte, mais belicoso e mais mortal, esgrimindo a NATO como o seu braço armado, outros imperialismos em ascensão ameaçam os povos e a paz no mundo, como o imperialismo russo e o imperialismo chinês (sem esquecer o alemão, o inglês e o francês).

A Rússia oligárquica putinista com a atual guerra e devastação, está a mostrar a sua perigosidade e expansão militarista. Também é de prever que a cleptocracia imperial chinesa de partido único não tenha pretensões apenas no Tibete e na Formosa.

A NATO é uma aliança agressiva e está no centro da estratégia imperialista de Whashington. Se antes atravessava algumas dificuldades existenciais com Trump e até o próprio Macron a dizer que se encontrava em “morte cerebral”, agora ganhou uma nova vida com Putin. Mas já antes a NATO se vinha a reforçar e a rearmar-se – basta observar as novas adesões da Albânia, Montenegro e Macedónia do Norte. Por outro lado, a Aliança também se tenta limpar da derrota no Afeganistão no verão passado.

Na atualidade, a NATO é a organização militar mais agressiva e mais inimiga dos povos, não só europeus, mas à escala global. Basta ver o novo conceito estratégico aprovado no Cimeira de Madrid, apostando numa lógica de confrontação com outras potências, onde declara que “a Federação Russa é a maior e mais direta ameaça à segurança, paz e estabilidade dos aliados, na região euro-atlântica”, destacando ainda que “a China representa ambições e políticas coercivas, desafiando os interesses, segurança e valores dos Aliados”.

A NATO não se contenta em cercar a Rússia, cujo exemplo e provocação mais recentes, será a adesão da Finlândia e da Suécia, e vai virar a sua atenção para a Ásia – Pacífico, visando cercar igualmente a China e desestabilizar toda essa região. Não foi em vão a participação na Cimeira do Japão, Austrália, Nova Zelândia e Coreia do Sul.

A NATO passou a ser uma organização belicista global de caráter ofensivo. Este caráter ofensivo militarista já o tinha demonstrado nas guerras devastadoras e de extermínio na ex-Jugoslávia, Iraque, Líbia e Afeganistão.

A pretexto da guerra na Ucrânia e à sombra da NATO estamos a assistir a um reforço exponencial das despesas militares. Hoje os 30 países que integram a NATO já são responsáveis por mais de metade das despesas militares do mundo.

A adesão da Finlândia e da Suécia à NATO insere-se numa estratégia de confrontação dos E.U.A. e da própria NATO contra a Rússia e utilizam a Ucrânia como trampolim para as suas manobras. De 40 mil para 300 militares em prontidão de combate é algo nunca visto desde os tempos mais críticos da “guerra fria”.

Muito provavelmente estaremos no limiar de uma nova guerra mundial e a NATO vai ser uma das grandes responsáveis por essa guerra, a par da Rússia. Vejam-se as declarações do novo comandante do exército do Reino Unido, onde fez chegar uma carta a todos os soldados onde diz para se prepararem para lutar outra vez na Europa e para derrotar a Rússia no campo de batalha.

A guerra na Ucrânia não é, nem uma guerra para defender a Rússia – como pretende Putin – num uma guerra pela defesa dos valores da Europa – como dizem Biden, Scholtz, Macron, Johnson e Draghi. Trata-se de uma guerra que opõe os oligarcas russos representados por Putin, e os chefes dos monopólios imperialistas, representados pelos chefes de Estado, membros da NATO. É uma guerra pelo controlo e abastecimento de matérias-primas e fontes de energia à escala planetária. É uma guerra entre predadores que tomaram como refém o povo ucraniano, é uma guerra que serve de pretexto para a campanha de rearmamento da Europa.

Devemos continuar a exigir a saída de Portugal da NATO e a dissolução desta organização. A melhor garantia da paz é a luta pela neutralidade e a dissolução dos blocos político-militares.

A Contra-Cimeira da NATO de 25 de junho teve a participação de milhares de trabalhadores, jovens e militantes de organizações populares de vários países europeus. Foi aprovado, por unanimidade, um Apelo do Encontro Europeu de Madrid contra a guerra, “Nem Putin, Nem NATO”. Esse apelo exige o fim imediato das hostilidades militares e que cabe ao povo ucraniano decidir sobre o seu destino; que a Rússia se retire da Ucrânia, que a NATO e a UE deixem de se expandir para a Ucrânia ou para qualquer outro país; a luta contra as alianças militares, como a NATO, AUKUS ou de qualquer outro tipo; a luta pelo “chumbo” dos orçamentos militares e que os milhões aqui destinados devem ser investidos na Saúde, na Educação, para ajuda aos desempregados, para as necessidades sociais, e não para armas; que a mobilização de milhões de pessoas contra os Governos, a UE e a NATO é a única via para parar as guerras do capital. O caminho é a Paz nas mãos dos Povos.

Sobre o/a autor(a)

Professor. Mestre em História Contemporânea.
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