You are here

Lutas necessárias, contra as "contas certas"

O combate à inflação e a luta pelo aumento real dos salários e pensões, vai continuar e densificar-se. Vamos passo a passo, construindo as lutas e criando movimento de massas que seja capaz de dar respostas a governos de maioria absoluta, que não ouvem quem vive do seu trabalho.

A obsessão da maioria absoluta do PS pelas ditas "contas certas" no OE/ 2002, sem dar resposta à galopante inflação que come os rendimentos de quem vive ou viveu do seu trabalho, tem obrigado o movimento dos trabalhadores a encetar as mais variadas formas de luta empresa a empresa, e são tantas por este país fora.

Há sectores que já se movimentam de forma mais global, destaco dois com bastante peso:

O Sector dos Transportes paralisou os comboios por 24 horas e avançou com mais paralisações parciais. O Metro de Lisboa segue a paralisar com uma regularidade elevada.

A Administração Pública saiu à rua de forma expressiva contra os miseráveis 0,9% que o governo quer impor.

A CGTP levou a cabo no dia 27 de Maio, aquando da votação final do Orçamento de Estado, uma concentração junto à Assembleia, que embora fosse maioritariamente composta por dirigentes e delegados sindicais, esteve bem participada e marcou a recusa de empobrecer a trabalhar.

Sabemos que outros sectores estão a preparar as suas movimentações de formas diversas.

São lutas necessárias que revelam de forma genuína a vontade de não andar para trás, ao nível dos salários e pensões, mas que têm em conta o que se passa na Saúde, com a degradação do SNS a ser sangrado a favor dos privados, na Educação com a falta de professores e a precariedade estrutural, na Habitação com a brutal especulação nas vendas e com o aumento exorbitante das rendas e prestações aos bancos.

Sabemos que este governo do PS, usará a sua maioria absoluta para não revogar do Código do Trabalho as normas da Troika, aliás o sinal já está à vista de todos, quando na chamada Concertação Social fecham unilateralmente as medidas finais da Agenda do Trabalho Digno, curiosamente não deixando de fazer o frete aos patrões ao deixar de fora a revalorização parcial do pagamento das horas extras, medida negociada em Outubro de 2021 com o PCP e o Bloco de Esquerda.

A senhora ministra do trabalho pode dizer o que quiser sobre o assunto, mesmo que não é um recuo, o que ficou claro para todos é o passo atrás que o governo assumiu, prejudicando mais uma vez o rendimento dos trabalhadores.

Temos presente que o combate à inflação e a luta pelo aumento real dos salários e pensões, vai continuar e densificar-se.

Não foi por acaso que no dia 4 de Maio no último Conselho Nacional da CGTP, um conjunto de 5 Conselheiros apresentaram uma Resolução Alternativa onde outras coisas propunham:

Convocar para o próximo dia 2 de Julho uma manifestação nacional, que seja uma grande expressão da luta dos trabalhadores e uma mobilização geral aberta aos vários setores da sociedade, em defesa do salário, pelos direitos laborais e sociais, contra a generalização da precariedade, por uma orientação política que responda à crise que se instala e degrada as condições de vida, pelo investimento nos serviços públicos e nas respostas sociais”.

Quero dizer que a Resolução Alternativa não foi distribuída aos 147 Conselheiros Nacionais e muito menos apresentada para discussão e votação no Conselho Nacional, situação recorrente e preocupante, que reflete a falta de democracia interna.

Não será por isto que não iremos continuar a pugnar e lutar pela exigência de uma política que responda à degradação dos rendimentos e dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Certamente que a luta social e popular vai ter de novo expressão de Rua, “convergindo no início de Julho numa grande acção Nacional em Lisboa!” de acordo com a Secretária-Geral da CGTP na sua intervenção a 27 de Maio.

Vamos passo a passo, construindo as lutas e criando movimento de massas que seja capaz de dar respostas a governos de maioria absoluta, que não ouvem quem vive do seu trabalho, temos de ter presente que o próximo Orçamento de Estado para 2023, nos vai obrigar a elevar o nível da luta, não desejamos, mas não podemos excluir a construção duma greve geral.

Acreditamos que a expressão de maiorias em movimentos exige diálogo e capacidade unitária, é esse o caminho que queremos trilhar.

Vamos à Luta!

Sobre o/a autor(a)

Sindicalista, ex- Conselheiro Nacional da CGTP
(...)