Ana Drago

Ana Drago

Dirigente do Bloco de Esquerda, socióloga.

Socióloga. Membro da comissão política do Bloco de Esquerda. Deputada na legislatura de 2002-2005, no regime de rotatividade, foi eleita em 2005 e reeleita em 2009. Renunciou ao mandato de deputada, por razões pessoais, a partir de 31 de agosto de 2013.

Não há forma subtil ou elegante de o dizer de outra maneira: creio que as televisões privadas têm hoje um profundo enviesamento à direita, quer no alinhamento e escolha dos temas, quer na maioria do comentário em emissão.

António Costa, mesmo embalado pelas sondagens que lhe são favoráveis, apresenta apenas o que já tem. E isso é, creio, insuficiente.

O Governo insiste em fabricar novos desempregados, novos pobres, empresas falidas, jovens sem futuro. Mas para a banca o Governo enviou, com açúcar, com afeto, 5.600 milhões de euros. Mais do que os 4 mil milhões que dizem agora ser imperativo cortar.

Perante o acórdão do Tribunal Constitucional, o Governo amuou, Passos Coelho ameaçou, Miguel Relvas demitiu-se mas continuou Ministro, e Vitor Gaspar resolveu vingar-se da administração pública. A semana política fica marcada pela imagem de um Governo embrulhado na crise política e social que semeou.

A concessão dos Estaleiros do Mondego revela uma negligência que não seria admissível numa qualquer república das bananas.

Os episódios que compõem o processo guiado pelo governo nesta história dava um Manual: “como fazer truques orçamentais e negócios ruinosos para o interesse público em meia dúzia de lições”. Autoria: Pedro Passos Coelho, Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira.

Talvez o primeiro-ministro entenda que gastos com prestações sociais, investimento na educação e gastos de saúde são má despesa pública. Talvez pense que devíamos gastar tudo em rotundas, submarinos e estoirar fundos comunitários na formação de centenas de trabalhadores de aeródromos que não operam.

O Orçamento que o Governo apresentou à AR, ou melhor, o que pelo menos uma parte do Governo apresentou, não pode ser cumprido. Todos os ministros sabem que nenhuma previsão bate certo. É um Orçamento de Estado suicidário, apresentado por um governo a prazo.

Não são os gregos que ameaçam o euro. A ameaça ao euro é a intransigência de Merkel e dos seus clones, ao impor o sacrifício coletivo dos povos europeus para proteger os ativos do sistema financeiro.

Não são os portugueses que vivem acima das suas possibilidades, são estes juros usurários que estão acima das nossas possibilidades.