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O mercado não nos protege

Por este país fora, vemos grandes empresas a despedir trabalhadores de uma forma completamente desumana. É necessário que o Estado intervenha e garanta que os direitos desses trabalhadores sejam salvaguardados e que ninguém fique para trás.

Os profetas do mercado não têm nem nunca terão escrúpulos. Uma evidência disso é a forma como estes encaram os dias que hoje vivemos e como se tentam aproveitar dos mesmos. Muitos liberais, principalmente aqueles com fotografias da Margaret Thatcher nos seus perfis de twitter e afins, hoje exigem ao Estado uma intervenção musculada quando ontem defendiam a liberalização total do mercado, a privatização total de bens essenciais como a saúde e a educação, hoje defendem que, afinal, o Estado precisa de intervir na vida dos cidadãos.

Descarado seria o liberal que defendesse os laboratórios privados quando estes cobram 100€ por um teste para o COVID-19, quando cada teste custa, a nível de compostos químicos e outros materiais, cerca de 1/3 desse valor. Corajoso seria aquele que defendesse a privatização do SNS quando existem hospitais privados que obrigam profissionais de saúde a trabalhar mesmo após estarem expostos ao novo coronavírus.

É preciso lembrar, também, a área da eletricidade. A EDP está muito pouco preocupada com a situação das famílias que não vão ter direito aos rendimentos habituais no final do mês. Pelo contrário, os acionistas da EDP devem estar a esfregar as mãos com os lucros que vão obter devido ao isolamento social, lucros esses dados ao desbarato pelo governo da Direita que deixou um bem essencial para a vida de cada uma e cada um nas mãos do Partido Comunista Chinês.

Por este país fora, vemos grandes empresas a despedir trabalhadores de uma forma completamente desumana. É necessário que o Estado intervenha e garanta que os direitos desses trabalhadores sejam salvaguardados e que ninguém fique para trás. Sobre o pretexto do COVID-19, as grandes multinacionais que arrecadam milhões de euros em lucros não podem colocar na miséria milhares de pessoas que vivem da sua força de trabalho. Contudo, existem diferenças no combate político durante esta epidemia.

Enquanto que alguns apresentam propostas coesas de defesa e salvaguarda do SNS (já antes de haver um único caso em Portugal), outros optam por, em outubro, defender o fim dos hospitais públicos e, em março, passear de hospital em hospital a mendigar votos. Enquanto que uns vão trabalhar com sacrifício pessoal, outros que, durante anos se gabam da sua ‘’glorificada e boa gestão’’, hoje choram por não aguentarem dois meses de faturação.

É certo que devemos arregaçar as mangas para combater o novo coronavírus, mas os punhos jamais devem deixar de estar cerrados na salvaguarda do Estado Social, do direito à saúde, habitação, educação e trabalho.

Sobre o/a autor(a)

Educador Social, Ativista Estudantil e LGBTI+
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